Novo sistema de autocarros de Viana do Castelo arranca em modo gratuito
Viaturas municipais da TUViana começam a circular no fim do verão, mas a Câmara precisa de mais 23 condutores.
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Os novos Transportes Urbanos de Viana do Castelo (TUViana) poderão arrancar a 23 de setembro, com autocarros elétricos a circular de forma gratuita. E com previsão de um circuito com o dobro da extensão, que contempla novas zonas e parques industriais, e horário mais alargado, das 6.30 às 23.30 horas.
A concretização plena da operação tem, contudo, esbarrado na “dificuldade” em conseguir motoristas. Até agora, foram contratados 29 e a Câmara vai abrir um terceiro concurso para contratar mais 23 (ler texto ao lado).
A informação está a ser avançada pela autarquia em sessões públicas de divulgação da operação, no âmbito de um inquérito público, que decorre até 1 de agosto, para recolha de contributos e sugestões, que podem ser feitas no site do município.
A Câmara assumirá, no final do verão, pela primeira vez, a gestão da rede, atualmente concessionada à empresa Transcunha (grupo AVIC). E a gratuitidade do serviço, com 15 autocarros elétricos, poderá ser aplicada na fase de transição, como forma “de divulgação e incentivo à utilização” do novo serviço. Até porque, segundo informaram os técnicos Conceição Soares e Alexandre Muge, na última sessão pública sobre os TUViana, realizada na Câmara, a gestão municipal terá, por imperativo da lei, de manter os tarifários praticados pelo atual concessionário até à atualização anual estabelecida pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).
O objetivo será, no futuro, “passar de 48 preços para apenas sete”, mais “atrativos” economicamente, com criação de “um passe para toda a zona de operação”, e, eventualmente, passes gratuitos para algumas camadas da população, como os jovens.
O novo sistema prevê ainda que “um bilhete comprado em Viana do Castelo, possa ser utilizado em transportes de outras cidades”, através da adesão à iniciativa “1bilhete.pt”, que promove “a uniformização e interoperabilidade entre os diversos sistemas de bilhética” a nível nacional.
Está prevista, também, a criação de uma aplicação para telemóvel, que contemplará funcionalidades como seguir autocarros “em tempo real” e comprar bilhetes.
Afife e zonas industrias
A “ampliação da cobertura da rede a outras zonas do concelho”, com “prioridade, num primeiro anel, para a freguesia de Afife e zonas industriais”, é outros dos objetivos. “São 16 linhas diferentes, independentes, e neste momento estamos a estudar a aglomeração de algumas devido à condicionante dos motoristas”, disse Alexandre Muge, técnico da Câmara, especialista em mobilidade, referindo que os estudos da autarquia indicam que “para as 16 linhas funcionarem são necessários três motoristas por linha, o que dá 32”, pelo que, para já, o serviço para as zonas industriais terá de ser feito por um veículo único. “Para a operação toda funcionar conforme saiu das nossas cabeças, e lembrando que na função pública cada motorista só pode trabalhar sete horas por dia, vamos precisar de 49 ou 50 motoristas”, adiantou.
Na terceira sessão de divulgação, foram suscitadas pelo público questões como a possibilidade de gratuitidade na fase de arranque, transporte de bicicletas e animais a bordo, e a chegada dos “TUViana” a locais atualmente não servidos por autocarros. Todas tiveram resposta positiva, sob determinadas condicionantes.
A operação, de cinco milhões de euros, é cofinanciada pelo PRR. A frota de autocarros elétricos – 10 com capacidade para 75 passageiros e cinco para 34 – foi comprada à MontaEngil Renewing.
Polémica com “integração” de motoristas
O grupo AVIC luta em tribunal pela integração dos motoristas que atualmente operam os transportes urbanos. A Câmara defende que pode acolher aqueles profissionais, mas apenas pela via do concurso público. “Existem reticências desses motoristas em passarem para a nossa operação. Na função pública, só podemos contratar quem vai a concurso. Por isso é que já abrimos dois procedimentos e estamos a abrir um terceiro, porque acreditamos que vem gente”, explicou Alexandre Muge, referindo que “há uma dificuldade gigantesca de contratar em todo o país”. Por causa disso, “Viana vai pagar mais que no Porto, por exemplo”.