Operadoras intermunicipais vão continuar a utilizar os interfaces de menor dimensão, que serão reorganizados até 12 de setembro.
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O Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) entra esta quarta-feira em funcionamento e promete revolucionar a mobilidade no Porto. Os oito cais de embarque e os 30 lugares para veículos de operadores estão destinados ao serviço internacional, nacional e interurbano regional. Mas também haverá paragens para autocarros que fazem serviço de ligação a concelhos limítrofes. Os restantes da cidade serão reorganizados até ao início de setembro.
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Longe da dimensão do TIC, os seis pequenos interfaces das linhas intermunicipais e inter-regionais vão continuar a receber os operadores de sempre: Valpi, Pacense, Maré, Gondomarense, Landim, Espírito Santo, Carvalhos e Mondinense, entre outras. E se em alguns casos os utentes dispõem de "razoáveis" condições de embarque e desembarque, nomeadamente quando o local é partilhado com o serviço STCP, noutras as críticas não deixam dúvidas.
"Isto é uma vergonha, sempre que venho às consultas tenho que esperar aqui junto ao muro. Não há uma paragem e quando chove escondo-me debaixo de uma árvore", conta Isaura Leite, que na Rua de Roberto Frias apanha a Gondomarense ou a Valpi que a leva a Campo, Valongo, onde reside. No local, João Moreira, residente em Lousada, também espera pelo transporte. "Para as pessoas de idade isto é uma calamidade e então agora, com a nova concessão dos transportes parada, os operadores não cumprem horários e por vezes nem aparecem", refere.
Rui Moreira conhece a realidade e quer reorganizar os terminais e interfaces de origem e término das linhas intermunicipais e inter-regionais na cidade. Contudo, como afirmou anteontem na reunião do executivo, onde essa medida foi aprovada, o objetivo é manter estas carreiras fora do centro do Porto porque, "ao contrário da STCP onde se investiu numa frota não poluente, a maioria dos operadores privados não teve capacidade de o fazer".
Autarca descontente
No centro, apesar do seu fim ter sido sentenciado há décadas, o Parque das Camélias, na Batalha, vai continuar a funcionar e a acolher os operadores de Gaia, Espinho e Feira. A servir os concelhos a Norte ficará a Asprela. A Casa da Música será essencialmente para os passageiros de Matosinhos e o Dragão será dividido entre Valongo e Gondomar. Este último terá o grosso das suas ligações em Campanhã/Justino Teixeira, junto à estação do metro numa área sem qualquer abrigo. "Centenas de pessoas apanham aqui o autocarro para Gondomar sem um resguardo para o frio, o sol ou a chuva", diz Constança Soares, utente da Gondomarense.
O autarca de Gondomar, Marco Martins, mostra-se descontente por não ter sido consultado, contestando a obrigação de transbordo em viagens com menos de 20 minutos. O trabalho da Câmara do Porto será reajustar os vários serviços para que todos os interfaces estejam operacionais a partir de 12 de setembro.
TIC é aspiração municipal antiga
O novo Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) é uma aspiração da autarquia que tem décadas. O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, inaugura esta manhã o equipamento público, visitando as instalações com Cristina Pimentel, presidente da STCP, empresa que vai gerir o espaço. O TIC tem uma capacidade para mil serviços por dia, o que significa 120 mil passageiros/dia e 43 milhões de passageiros/ano. Num só ponto, juntam-se autocarros da STCP e operadores privados, comboios urbanos e de longo curso, metro, táxis e parque de estacionamento para 230 automóveis e 100 bicicletas. E contribuirá para retirar centenas de autocarros do centro da cidade.