<p>Um vestido de lã vermelha sobre a pele. Uma mulher (performer) que deambula pela praça central de Vila Nova de Cerveira. Até aqui nada chama a atenção, mas a vila pára quando o vestido se começa a desfazer, com fios presos a árvores e pessoas que passam no local. A artista chega mesmo a entrar porta adentro de lojas e da biblioteca municipal da localidade e acaba a performance, ao fim de 40 minutos, totalmente desnudada sob o olhar estupefacto dos transeuntes.</p>
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Esta semana, Vila Nova de Cerveira regressou às origens das suas bienais de arte, em que, em pleno pós 25 de Abril, o nu artístico escandalizava a população nada habituada aos "devaneios" dos artistas. A "extravagância" das performances surgiu na vila em 1978 pela mão do fundador da bienal internacional de Cerveira, Jaime Isidoro, falecido em Janeiro deste ano e que em vida gostava de recordar esses momentos como fazendo parte dos tempos áureos do evento. 31 depois essa mesma linha artística está a ser reposta pelo novo director da bienal, Augusto Canedo. A surpreendente performance, na última terça-feira mas que ainda hoje é assunto de conversa em cada canto e esquina de Cerveira, é da responsabilidade de Silvia Antolín Guerra (Cantabria, Espanha). O curador das performances Orlando Britto Jinório escreve que Sílvia tem um percurso que "a situou na cena da performance espanhola" e terá conquistado como o mesmo "uma cada vez maior presença internacional". Silvia Antolin orientará um atelier de performance para a comunidade de Cerveira e apresenta, durante evento, o seu projecto "El Vestido de Ariadna".