Isabel Tavares candidata-se pela CDU e defende que falta habitação social no município e que existem carências na saúde. João Moniz é a escolha do Bloco de Esquerda. Tem como prioridade a habitação e defende regulação do alojamento local.
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Urgente “olhar para as necessidades de quem ganha baixos salários”
Qual é a prioridade da candidatura da CDU à Câmara de Aveiro?
A habitação, que neste momento é um problema muito sério no distrito e no concelho. A saúde também, com os problemas que vivemos no Hospital de Aveiro. E os transportes. Estou a elencar por ordem de prioridades. A rodovia, em particular a questão das ex-scuts, que precisamos de resolver, porque Aveiro está cercada de vias rápidas pagas e isso cria constrangimentos para a população, para o emprego e até para a economia.
Quais as soluções que poderiam ser implementadas para melhorar o panorama da habitação?
Olhar para as necessidades objetivas de quem ganha baixos salários e precisa de ter acesso a uma habitação condigna, a preços controlados. Aquilo a que estamos a assistir é a construção de uma habitação elitista e à qual quem ganha os baixos salários praticados em Portugal, e na nossa indústria, nas imediações do concelho, não consegue ter acesso de forma nenhuma. É necessária mais habitação social. Temos as questões do Plano de Recuperação e Resiliência que podem ser alocadas a este tipo de construção e que não estão a ter a adequação correta. Não habitação social em guetos, mas sim de forma inclusiva.
No campo da saúde, de que forma é que o Município poderia intervir?
Não é da responsabilidade do Município as questões da saúde, em particular no que toca ao hospital, mas há sempre uma forma de intervir, tendo uma voz, ouvindo a população e fazendo sugestões. O Município tem também aqui uma participação ativa, que pode e deve utilizar junto do poder central para que as soluções surjam, apresentando, inclusive, propostas.
A CDU tem estado do lado da luta dos artistas de rua pela utilização do espaço público de Aveiro. Esse apoio mantém-se prioritário?
Sem dúvida. Aveiro tem uma vertente turística relevante e a cultura também devia ser algo a ter em conta para o turista ver e presenciar. Mas não tem havido essa preocupação. Os artistas desenvolvem uma profissão e têm direito a desenvolvê-la com dignidade. E não é isso que o Município de Aveiro está a proporcionar-lhes. Está a condicionar o seu trabalho e a criar dificuldades e barreiras para que a cultura seja acessível à população. Nós vamos continuar a estar ao lado dos artistas.
“O Município tem de construir a custos controlados”
Uma das batalhas que iniciou foi a do alojamento local. Porque é tão urgente regulá-lo?
O alojamento local e a sua regulação não é a peça central da nossa candidatura. Mas, devido à quantidade e à concentração territorial, torna-se um problema. O alojamento local não é edificado de raiz. São habitações que poderiam estar no mercado de arrendamento ou de aquisição e cumprir a função social da habitação. Existe uma concentração deste tipo de oferta turística no centro da cidade. O sentido da regulação não é, necessariamente, uma redução quantitativa do número absoluto de alojamentos. É, por exemplo, através da emissão de licenças, descentralizar a oferta pelo território de Aveiro. Para os ganhos desta atividade, no turismo, serem distribuídos.
Qual é, então, a peça central da candidatura?
A Câmara de Aveiro tem de construir mais, tem de construir a custos controlados. Tem vindo a demonstrar capacidade financeira para investimentos avultados, mas usa-a, muitas vezes, para obras de utilidade duvidosa. Deve mobilizar essa capacidade para ser um protagonista na edificação de habitação a custos controlados. Vai ter de adquirir terrenos, porque vendeu muitos dos que tinha. E, como a construção demora tempo, outra proposta é adquirir fogos que estão no mercado.
Também defende uma taxa turística. Porquê?
A ideia da taxa turística foi avançada por um ex-autarca aveirense, Élio Maia. Na altura, o Bloco foi contra, porque o turismo não representava quase nada naquilo que era a economia aveirense. Agora, é uma das principais atividades económicas. Não faz sentido que todos os custos que acarretam a pressão turística sobre as infraestruturas, ou sobre a mobilidade, sejam só suportados pelos impostos dos munícipes.
E que outros problemas identifica no município?
Os transportes públicos têm de ser vistos como um instrumento. E a Câmara entregou a sua gestão a privados, cujo interesse é gerar lucro. Propomos uma remunicipalização do serviço e queremos intermunicipalizar os transportes. Tem de haver um trabalho dos municípios da região para se criar uma empresa com escala. Quem sabe, até avançar com projetos antigos de criação do metro de superfície, que possam unir concelhos. Além disso, o BE vai focar-se na política social, a começar pela criação de uma rede de creches públicas, e, no ambiente, criar o parque natural da Ria de Aveiro.