Câmara confirma embargo do terreno da têxtil mas como a ordem foi ignorada queixou-se ao Ministério Público.
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Uma obra sem licença e já embargada pela Câmara de Guimarães causa, sempre que chove, inundações de lama na casa de Fernando Couto, morador na Travessa de Tresmonde, na freguesia de Conde, em Guimarães. Apesar do embargo, a obra da Têxteis J.F. Almeida continua a decorrer, o que levou o Município a fazer uma participação-crime ao Ministério Público. Na segunda-feira, o morador foi detido pela GNR, após uma altercação, quando a construtora queria limpar a via pública.
Fernando Castro está indignado com a situação, o que o levou a impedir a ação dos funcionários que, na segunda-feira, pretendiam limpar a rua, junto à sua residência. Depois das fortes chuvas, o pavimento estava coberto de lama, como vem sendo "habitual", desde que a obra do novo armazém de logística da J.F. Almeida começou. Desta vez não entrou nas casas porque, entretanto, foi construída uma barreira de sacos de areia. Já com a presença da GNR, o morador continuou a não permitir a limpeza da rua e acabou detido. "Fiz de propósito. Assim, o Ministério Público é obrigado a ouvir-me e talvez faça alguma coisa", justifica-se.
Queixas desde março
Fernando já fez várias queixas à Câmara, a primeira a 14 de março e as últimas quatro nos dias 14, 15, 19 e 30 de setembro. A 10 de outubro, em resposta, o Município confirmou "trabalhos de remodelação de um terreno sem a necessária licença". A Câmara diz nesse ofício que a obra foi embargada e que a determinação foi ignorada, o que levou a uma participação-crime para o Ministério Público. Acrescenta ainda que o dono da obra foi alertado para a necessidade de "manter limpa a zona para precaver escorrências". Ao JN, a Câmara acrescentou que "o projeto de arquitetura já está aprovado".
No local, verifica-se não só a "remodelação de um terreno", mas há um pavilhão já parcialmente construído. O presidente da União de Juntas de Freguesia de Conde e Gandarela, Flávio Freitas, reconhece o problema, mas assegura que "a rua até vai ficar melhor, porque vai haver cedência de terreno ao domínio público que permitirá alargar a estrada para que se cruzem dois carros".
Embora se trate de uma rua sem saída e sem sistema de drenagem de águas pluviais, Joaquim Cunha, outro morador no local há dezenas de anos, garante que antes nunca houve problemas, "a água escorria para os campos".
Contactada pelo JN, a empresa J.F. Almeida não se quis pronunciar.