Nova data apontada pelo Ministério para acabar reabilitação do tabuleiro inferior da travessia entre Porto e Gaia significa um atraso de quase meio ano. Degradação apontada como causa.
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As obras de reabilitação do tabuleiro inferior da Ponte Luís I, entre Porto e Gaia, só ficarão prontas no final de março de 2023, quase meio ano depois do prazo inicialmente anunciado para a sua conclusão. A data foi apontada pelo Ministério das Infraestruturas e da Habitação, tutelado por Pedro Nuno Santos, na resposta a um requerimento apresentado pelo deputado do PSD Firmino Pereira. O parlamentar pediu esclarecimentos ao ministro, após o JN ter noticiado que a obra estava atrasada e sem data prevista para o seu término.
A reabilitação começou em outubro de 2021, devendo ficar concluída um ano depois. Contudo, em julho passado, a Infraestruturas de Portugal, empresa pública responsável pela travessia, confirmou ao JN que os trabalhos estavam atrasados e não havia previsão para a sua conclusão. O Ministério aponta agora uma data: 31 de março de 2023. "Neste momento estão em fase de conclusão os trabalhos na metade do tabuleiro do lado do Porto", assinalou a tutela na resposta ao deputado social-democrata. Falta avançar, portanto, na metade do lado de Gaia.
"À data presente, o valor dos trabalhos complementares e da adjudicação, que não se encontra esgotado, são suficientes para a conclusão da empreitada, não sendo necessário abrir novo concurso público", acrescentou o Ministério. Firmino Pereira tinha questionado a eventualidade de ser necessário lançar novo concurso para finalizar a intervenção, por terem sido esgotadas as verbas pelas quais a obra foi adjudicada à empresa Casais (3,25 milhões de euros). Até porque, conforme tinha adiantado a Infraestruturas de Portugal ao JN, as justificações para o atraso também passavam pelo encarecimento dos materiais e pela dilatação nos prazos de entrega (designadamente do aço), por causa do conflito na Ucrânia.
Degradação
Na sua resposta, o Ministério dá relevo ao estado de degradação da travessia, bastante superior ao esperado. A tutela explica que a intervenção numa ponte que é monumento nacional obrigou a especiais cuidados e que o levantamento de todas as anomalias só foi possível "após a prévia preparação/limpeza das superfícies da estrutura metálica, com recurso à decapagem com jato de areia".
"A execução desses trabalhos permitiu verificar a existência, em número superior ao previsto, de elementos e chapas com média a elevada corrosão. Muitas das situações agora reveladas encontravam-se encobertas por contaminantes aderentes, produtos de corrosão e pintura existente, motivo pelo qual não foi possível a sua prévia deteção", sublinha o Ministério. "Esta situação, não prevista, impôs um inevitável reajustamento do projeto de execução, incluindo plano de trabalhos, à situação real, apenas detetável já na fase de obra, estabelecendo-se, caso a caso, as medidas complementares ao reforço previsto inicialmente", acrescenta a tutela.
O tabuleiro inferior da Ponte Luís I deverá tornar-se pedonal quando ficar pronta a Ponte D. António Francisco dos Santos, entre a marginal do Porto e Oliveira do Douro (Gaia), o que está apontado para 2025.
Pormenores
2019 - julho
Lançado concurso para a obra, após alteração do projeto, que tinha recebido parecer condicionado. Ficou deserto, porque o preço-base - dois milhões de euros - foi ultrapassado por todos os concorrentes.
2020 - outubro
Lançado novo concurso para a execução dos trabalhos, que seriam adjudicados à empresa Casais por 3,25 milhões de euros.
2021 - outubro
Início da obra, com um prazo de execução de um ano. Já derrapou. Nova data apontada pelo Ministério: 31 de março de 2023.