Uma operação de fiscalização da ASAE, ontem, quinta-feira, de manhã, na feira de Gondomar, degenerou numa grande confusão, com clientes e feirantes a fugirem e a criticarem a "violência" da polícia. Houve seis detidos e foram apreendidos 1180 artigos piratas.
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Uma vendedora de peixe, Laura Belchior, de 60 anos, que desmaiou devido à aflição, teve de ser assistida pelo INEM no local e um rapaz de 16 anos foi transportado para o Hospital de S. João (Porto).
"A minha mulher afligiu-se, assim que a Polícia fechou os portões do mercado, e perdeu os sentidos, caindo desamparada", confirmou o marido da comerciante.
Miriam Neves, 30 anos, de Gondomar, estava a fazer compras com a mãe quando foi "surpreendida pela presença de um forte cordão policial" na feira. "Foram momentos de aflição", relatou, ainda não refeita do susto.
Pauliana Valadares, 21 anos, contou, ao JN, que "só teve tempo de se pôr de cócoras", junto à banca para onde estava virada. "Caso contrário também levava com alguma cacetada", explicou.
"Já na semana passada tinha havido uma fiscalização da ASAE [Autoridade de Segurança Alimentar e Económica], mas nada que se compare ao que aconteceu hoje [ontem]", descreveu Lucélia Santos, 53 anos, que andava às compras. "Foi uma confusão tão grande que foi só ver gente a fugir por onde podia", acrescentou.
A confusão não apanhou, por pouco, a campanha presidencial. Na altura, apoiantes do candidato a presidente da República, Fernando Nobre, realizavam uma acção, no início da feira. Todavia, nem se aperceberam do caos instalado alguns metros à frente, com algumas bancas reviradas.
A operação da ASAE centrou-se nas bancas de cd e dvd pirateados, assim como junto de vendedores de roupa contrafeita. Além das apreensões, foram elaborados 11 autos de contra-ordenação por infracções relacionadas com contrafacção e usurpação.
O espaço labiríntico da feira de Gondomar, feito de corredores estreitos, foi cercado pelo Corpo de Intervenção da Polícia. Nem mesmo a zona do mercado, espaço que está na fronteira com as bancas visadas, escapou à intervenção dos agentes. O pânico instalou-se entre quem andava na feira semanal, com muita gente aos gritos, enquanto tentavam fugir.
A família do rapaz de 16 anos (Jorge) que teve de ser assistido no hospital acusou as autoridades de agredirem o menor. Vários elementos dessa família também ficaram feridos, a tentar recuperar o material contrafeito.
Em comunicado, o Comando da PSP adiantou que "em face da resistência por parte dos visados na acção de fiscalização houve necessidade de recorrer ao uso da força para reposição da ordem pública e cumprimento das medidas de polícia". Uma das detenções esteve relacionada com "crimes contra a autoridade pública".