Foi aprovado, esta quarta-feira, na reunião de Câmara de Matosinhos, o protocolo para a reativação do serviço de passageiros da Linha de Leixões, mas a Oposição diz ter “dúvidas” de que o projeto seja implementado neste ano, como previsto.
Corpo do artigo
A Câmara de Matosinhos aprovou, esta quarta-feira, o protocolo para a reativação da linha ferroviária de Leixões que será assinado amanhã, entre o Município, a Infraestruturas de Portugal (IP) e a Comboios de Portugal (CP). A Oposição manifesta reservas ao projeto, e lembra que a reabertura do serviço para passageiros, em 2009, foi “um projeto falhado”.
O protocolo, que estipula os termos em que será executada a reabertura do serviço de passageiros, prevê que, “nesta primeira fase, as entidades intervenientes comprometem-se com a reativação do serviço de passageiros na Linha de Leixões, entre Porto-Campanhã e Leça do Balio, criando duas novas dependências/paragens – “Hospital de São João” e “Arroteia”, até dezembro de 2024”.
“Ficamos com condições para avançar, finalmente, com esta ambição antiga”, congratulou-se a presidente da Câmara, Luísa Salgueiro, salientando que “esta é uma grande notícia para Matosinhos”.
A Oposição manifestou, contudo, reservas quanto ao êxito do projeto, e fez uma viagem no tempo até 2009, ano em que foi reativado o serviço de passageiros da linha de Leixões (a ferrovia funciona para o serviço de transporte de mercadorias), para voltar a ser suspenso apenas dois anos depois, em 2011. O vereador independente António Parada alegou que esse “foi um projeto completamente falhado”, com o qual “a Câmara perdeu milhares de euros”. A presidente da Autarquia esclareceu, porém, que, à época, “a Câmara não investiu nada na linha, porque foi aberta tal como estava”.
Apesar de começar por indicar que votaria contra os termos do protocolo, o autarca optaria por abster-se, argumentando que, “agora, [o serviço] devia ser pensado em grande, para ser um projeto intermunicipal”. Defendendo que também deveria ser vocacionado para o turismo, nomeadamente através de “uma ligação ao terminal de cruzeiros”, o líder do movimento “António Parada Sim” sustentou que o projeto “é manifestamente insuficiente”, e afirmou ter “dúvidas de que venha a ser implementado nos próximos tempos”.
Ainda que tenha votado favoravelmente, o vereador social-democrata Bruno Pereira também recordou a “má experiência” de 2009, na qual “foram desperdiçados milhões de euros do governo central e milhares de euros do Município”. Já a vereadora da CDU Renata Freitas - a partir desta quarta-feira passou a substituir José Pedro Rodrigues, que pediu a suspensão do mandato por meio ano – considerou ser “admissível” que a reabertura da linha de Leixões “ocorra faseadamente”, mas referiu, na declaração de voto apresentada ser “negativo que o protocolo não tenha nenhuma calendarização da segunda fase, sendo completamente omisso quanto à necessidade urgente de ligação a Matosinhos (estação Senhor de Matosinhos) e a Ermesinde”.
Para a vereadora comunista é também “incompreensível” que, “quando se trata de um transporte que deveria servir cinco concelhos, o protocolo é assinado apenas com um”. O vice-presidente da Câmara, Carlos Mouta, clarificou, no entanto, que o protocolo é ratificado por um único município porque a primeira fase do projeto contempla novas estações apenas em Matosinhos. “As estações da Arroteia e do S. João são em Matosinhos, e o compromisso do protocolo é que a Câmara faça as acessibilidades a estas novas estações e apeadeiros”, indicou o autarca.