Público e artistas não têm notícias do promotor do Oranja Sound Sunset.
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Estava tudo pronto para o que seria uma grande festa de verão e eram esperados milhares de pessoas na praia da Barra, em Ílhavo. O recinto estava montado, no areal, atrás do farol da Barra, e o cartaz anunciava a presença de artistas de renome na área da música eletrónica. Mas foi tudo por água abaixo. No primeiro dia do Oranja Sound Sunset, que deveria ter decorrido no sábado e no domingo, apenas apareceram cerca de 50 pessoas. No segundo, a meio da tarde, o evento foi cancelado. E, subitamente, Oliveiros Ferreira, um empresário da região, promotor do evento, "desapareceu", sem contactar, sequer, alguns dos artistas contratados.
"Devido à meteorologia"
As condições meteorológicas adversas que se fizeram sentir no sábado, ao final do dia, com nevoeiro e vento, podem ter interferido no número esperado de pessoas.
O certo é que o cabeça de cartaz, Mastiksoul, nem sequer atuou. O anúncio foi feito por uma pessoa da organização, que subiu ao palco para informar que o artista, afinal, iria tocar no dia seguinte.
O dia seguinte chegou e, a meio da tarde, cerca das 16 horas, quando era suposto que a festa tivesse início, as bilheteiras estavam fechadas e não havia ninguém da organização. Na entrada, um papel, escrito à mão, anunciava: "Evento cancelado devido às condições meteorológicas". E técnicos de som, artistas, entre outros, tentavam contactar Oliveiros Ferreira, por telefone, sem efeito.
Havia pessoas a tentar reaver o dinheiro do bilhete (7,5 euros por dia), sem sucesso, e os proprietários de bares presentes na festa estavam revoltados, uma vez que alguns já tinham adiantado os 750 euros de aluguer.
Segundo apurou o JN, também alguns dos artistas não foram avisados do cancelamento, batendo com o "nariz na porta" quando chegaram ao recinto do Oranja Sound Sunset.
Na página oficial do evento, no Facebook, a meio daquela tarde, foi colocado um aviso: "Após as condições atmosféricas terem danificado a estrutura do evento, pondo em causa a segurança das pessoas, informamos a todos que lamentamos e o evento está cancelado". Depois, a página foi apagada. E no site lê-se apenas: "Website em baixo, por incumprimento do acordado por parte da entidade organizadora do festival". Não há rasto da festa.
Licenças em ordem
À Capitania do Porto de Aveiro, Oliveiros Ferreira comunicou, na manhã de domingo, o cancelamento do evento, sem mais explicações. "Não houve nenhum impedimento para o festival se realizar, nem da Capitania, nem da Administração do Porto de Aveiro, nem da Câmara Municipal de Ílhavo. Estava tudo autorizado", garantiu ao JN Luciano Oliveira, comandante da Capitania do Porto de Aveiro.
O JN tentou contactar ontem Oliveiros Ferreira, que não atendeu o telemóvel.
Um ano após a bronca do Tuga Fest
No ano passado, em S. Jacinto, Aveiro, esteve anunciada para agosto a realização do Tuga Fest, que se intitulava o festival "mais português de Portugal". Mas a poucos dias de começar, foi cancelado. Ana Moura, Tony Carreira, José Cid e Xutos e Pontapés, por exemplo, cancelaram as suas atuações, boicotando o evento. Cid chegou mesmo a justificar a decisão com o facto de o promotor, Luís Figueiredo, "não ter cumprido com nenhuma das condições contratuais". Ana Moura também alegou "incumprimento contratual". Eram esperadas 60 mil pessoas e o festival foi apresentado ao público com representantes da Câmara de Aveiro e do Turismo do Centro.