O Bispo da Diocese de Viana do Castelo, D. João Lavrador, enalteceu esta terça-feira, a vida dos pescadores que arriscam a vida no mar para ir buscar alimento como “um modelo” de humanidade e de fé que o Mundo necessita para se renovar, e intitulou-os de “prediletos de Deus”.
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Foi durante a alocução, que precede a bênção das embarcações e a sua saída na tradicional Procissão ao Mar, um dos momentos altos da romaria de Nossa Senhora d’Agonia, que decorre até quinta-feira.
A embarcação “Deus Quer”, de Alfredo (pai) e Vitor Gonçalves (filho), foi este ano incumbida de levar ao rio Lima e ao mar o andor da padroeira, sob o olhar de milhares de pessoas apinhadas nas margens.
“Caros pescadores, já no ano passado e há dois anos, quis olhar para vós e ver em vós e em vossas famílias um modelo. Um significado mais profundo, do que propriamente a materialidades das vossas vidas. Ir mais além do que é a tarefa e a ocupação de todos os dias. Vós sois prediletos de Deus”, disse D. João Lavrador, momentos antes de embarcar e posicionar-se na proa do barco com a imagem da Senhora d’Agonia.
“Jesus Cristo quis escolher-vos pelo mar, pelo barco, pelas vossas vidas. Para vós levardes uma mensagem. E uma mensagem é levá-lo a Ele, é reconhecê-lo nas vossas vidas, não para ficar convosco, mas para o levardes aos irmãos”, afirmou.
Algumas dezenas de embarcações, pintadas de fresco e engalanadas com flores, saíram em procissão. Cinco com os andores das Senhoras d’Agonia, de Monserrate e dos Mares, e de S. Bartolomeu dos Mártires e de S. Pedro [o pescador], a bordo. O da padroeira foi levado em ombros por seis homens (mais três suplentes). Vitor Gonçalves, mestre da embarcação “Deus Quer”, foi um deles: “Já levamos a Senhora d’Agonia antes, mas este ano é especial, porque perdemos uma tia que nos ajudava a enfeitar o barco e gostava muito de fazer isto. Infelizmente faleceu. Chamava-se Fátima e este ano é dedicado a ela”, disse.
António Sousa, também repetiu a missão: “É um orgulho enorme pertencer a um grupo restrito que pode pegar no andor da Senhora d’Agonia. É uma emoção muito grande. Sente-se, não se explica”.
Para Vasco Gonçalves, pároco da freguesia de Monserrate, onde se situa a Ribeira de Viana, onde mais se vive e sente a fé à Senhora d’Agonia, o dia 20 “é o coração” da romaria. “Este é o momento mais especial das festas”, disse, destacando “um aspeto que as pessoas não sabem e com certeza nos próximos anos vamos introduzir no programa”.
“No final do dia, já depois de recolher a procissão, os cinco barcos que levam os andores vamos até ao mar, lançamos as redes e rezamos pelos náufragos, pelos pescadores que perderam a vida, e muitos nunca foram recuperados”, contou.