<p>O jovem de 15 anos que estava desaparecido, desde quarta-feira, foi esta sexta-feira encontrado morto no rio Vouga. O corpo demorou a ser encontrado porque só esta sexta-feira os colegas que assistiram ao afogamento contaram o que se passou.</p>
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"Nós gritámos para ele largar a bateira, mas ele continuou agarrado ao barco, acabando por cair num fundão. Ainda tentei puxá- -lo, dei-lhe a mão, mas não consegui, ele foi ao fundo e nunca mais o vimos".
Isadora Ribeiro, 14 anos, foi a única dos cinco colegas de Luís Sequeira a tentar salvá-lo no rio Vouga, em Loure, Albergaria-a- -Velha. Os outros, talvez por não saberem nadar, não auxiliaram o companheiro. De seguida, os seis fizeram um pacto de silêncio. "Com medo de que nos acusassem de sermos os culpados da morte do Luís", justifica Isadora (ler entrevista).
Só ontem de manhã, na Escola Básica Integrada de S. João de Loure, onde todos estudam, alguns dos envolvidos confessaram à GNR. Pouco depois, o cadáver era encontrado no rio Vouga.
A tragédia ocorreu na tarde da passada quarta-feira. Seis amigos decidiram juntar-se ao colega Cristiano, que fazia anos. O programa para a tarde quente passou por um banho no rio Vouga, a poucas centenas de metros de Loure, o lugar onde vivem.
Quando chegaram à margem do rio, repararam numa bateira, presa com um cadeado. Abriram-no à pedrada e saltaram para a embarcação. Luís Sequeira decidiu então saltar para água. Estava de calções (tinha deixado a roupa e objectos pessoais na margem do rio). Começou a empurrar a bateira, mas acabou por ser traído pela corrente do rio.
"Vamos muitas vezes para o rio, mas sempre no Verão, e nessa altura a água está mais baixa e quase não há corrente", lembra Isadora, que ontem, na escola, foi maltratada. Depois de ter sido ameaçada por um jovem familiar de Luís, roubaram-lhe um MP4, a carteira e destruíram-lhe livros. "Devem ter pensado que a culpa foi minha", lamenta.
Na quarta-feira, a corrente começou a tomar conta da embarcação. Os cinco jovens conseguiram saltar a tempo para a zona mais calma, mas Luís continuou agarrado ao barco, acabando por o largar e cair num fundão. Isadora, a única dos seis que sabe nadar, ainda lhe deu a mão, mas não conseguiu evitar o pior.
Assustados, os cinco decidiram então manter segredo, levando a que anteontem, durante as buscas, se tivesse falado em suicídio. Um quadro possível, até porque recentemente "Luís tinha dito à namorada que se afogava se ela o deixasse", contam Fábio, Emanuel e Micael, três amigos que ontem assistiram à retirada do corpo do colega, juntamente com outros amigos e os pais da vítima.
Foram os cães da brigada cinotécnica e embarcações dos Bombeiros de Albergaria-a-Velha que detectaram o cadáver, retirado do rio pelos mergulhadores dos Bombeiros Novos de Aveiro. O corpo foi encontrado 200 metros a jusante do local onde estava a roupa e a três metros de profundidade.