Abaixo assinado nas missas para ser entregue ao governador civil.
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Os padres de Águeda estão fartos de verem as suas igrejas serem alvo de furtos. Querem mais policiamento e disso vão dar conta numa petição que será entregue ao representante do Governo no distrito de Aveiro.
Os padres de Águeda vão entregar uma petição ao Governador Civil de Aveiro, Filipe Neto Brandão, a solicitar o aumento de vigilância das igrejas. Nos últimos meses, "dezenas de templos têm sido alvo de furto e vandalismo", dizem os párocos, que no passado fim de semana decidiram tomar uma posição. Reunidos no Souto do Rio, na Borralha, na celebração conjunta do Arciprestado de Águeda, uma dezena de padres decidiram que vão lançar uma petição em forma de abaixo assinado para ser entregue, "pessoalmente", logo que possível, ao representante do Governo no distrito de Aveiro. O texto vai percorrer as 20 paróquias de Águeda com os párocos a aproveitarem as missas para recolherem assinaturas.
"Não está em causa o trabalho da GNR, mas é evidente que faltam efectivos para uma maior vigilância", refere o padre João Paulo, responsável pelas paróquias de Valongo e Macinhata do Vouga. "Tenho 40 templos na minha área e não há um que não tenha sido visitado pelos ladrões ou vândalos. E há vários que já vão na segunda ronda. Tudo isto nos últimos seis, sete meses", situa o pároco.
No texto que será entregue ao Governador Civil, e para além do aumento de agentes, os sacerdotes deverão defender uma alteração legislativa, de forma a "dar mais autoridade à autoridade", evitando que os autores dos furtos sejam colocados constantemente em liberdade.
"Eu sei quem rouba as 'minhas' igrejas, sei onde estão, sei onde vendem o que roubam e sei a quem vendem, já o disse à GNR", revela João Paulo, que se define como um "padre de rua", que muitas vezes acompanha as autoridades porque quer conhecer a vida das suas paróquias.
E quem são os ladrões e a quem vendem? "São jovens, alguns com 14 e 15 anos, e fazem-no para comprar droga ou por vandalismo. E quem compra, na maior parte das vezes, são sucateiros", assegura o padre. Que não esquece o dia em que alguém entrou na Igreja de Valongo do Vouga. Depois de acenderem velas, virarem os bancos e tirarem as toalhas, deixaram num papel a mensagem: tivemos muito gosto em vandalizar a vossa igreja".
O furto que mais terá rendido aos ladrões ocorreu na madrugada da última quarta-feira, em Espinhel. Levaram da Igreja Matriz uma série de objectos de arte sacra, três dos quais avaliados em milhares de euros. "A custódia (objecto em que se mete a hóstia quando se expõe à adoração dos fiéis) em prata vale, no mínimo, 5000 euros, a cruz em prata vale outro tanto e o cálice da celebração em prata custa cerca de 2000 euros", diz, ao JN, o padre Júlio, responsável pela paróquia de Espinhel. Feitas as contas, o prejuízo ascende a "25 mil euros".
Só nesse dia, na área, foram alvo de furto, a capela de St. António em Óis da Ribeira (localidade onde na semana passada a igreja foi vandalizada com estragos de 2500 euros) e a capela de Cabanões.