<p>Um sentimento de consternação varreu o concelho de Esposende por causa da morte dos três elementos da corporação dos bombeiros locais. </p>
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Na freguesia de Belinho, em casa de Pedro Torres, 34 anos, solteiro, os gritos de dor pairavam no ar. Não era para menos: a grande maioria dos habitantes tinha Pedro em grande consideração. "Não é por ele ter falecido que digo que ele era um bom rapaz, que estava sempre disponível, digo porque é verdade", revela José Silva, um familiar. Tipógrafo, Pedro Torres era visto como um bombeiro exemplar e humilde. "Aconteceu a uma boa pessoa", refere Manuel Ferreira, um dos vizinhos a quem Pedro tinha ajudado em várias ocasiões.
Em pleno centro de Esposende, na casa onde Paulo Lachado (outra vítima mortal) vivia com uns tios, recordam-se histórias passadas e saúdam-se aqueles que, viajando no mesmo carro, ficaram apenas feridos. "Os familiares estão de rastos, são pessoas com alguma idade e isto abalou-os porque estavam desprevenidos. Aliás, ninguém espera que isto aconteça aos seus…", diz um familiar de Paulo. Já o pai ainda não tinha "caído nele" e com amigos e familiares falava e contava histórias passadas.
No conhecido bairro de "Sucupira" vivia com o pai o terceiro bombeiro morto. Pedro tinha perdido a mãe recentemente. Era o mais novo dos três mortos. Os vizinhos recordam-no com um "miúdo pacato, dado a poucas palavras e que sofreu bastante com a morte da mãe". Segundo contaram passou a dedicar mais tempo à corporação após o falecimento da figura materna.
Se o Governo diz ter disponibilizado ajuda psicológica para os familiares, a verdade é que em nenhum dos casos foi visto qualquer apoio especializado. Um dos familiares de Pedro Torres confirmou que, "para já, ninguém se ofereceu para ajudar e olhe que para os pais deles era bem preciso".