Ex-responsável acusa empresa de favorecer vereador. EMEM nega e diz que em causa está a pouca utilização.
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A retirada de um parcómetro numa rua da Maia está a gerar polémica, com um ex-responsável da Empresa Metropolitana de Estacionamento da Maia a acusar o Município de favorecer um vereador que reside na artéria. A empresa nega e explica que a máquina foi abolida por ser pouco utilizada e não dar lucro.
A denúncia partiu de um ex-vogal da Empresa Metropolitana de Estacionamento da Maia (EMEM), Francisco Costa, que saiu da empresa "não só pela questão relacionada com o parcómetro mas com outras questões de funcionamento com as quais discordava".
O parcómetro foi desativado da Rua de Manuel Faro Sarmento em janeiro, tendo sido tapados a máquina de pagamento e os sinais de trânsito que indicam o início de zona paga. Na artéria reside um vereador na Câmara que também é administrador da empresa. Por ir "contra os interesses da empresa", Francisco Costa contestou a decisão, mas a sua posição e declarações "nem em ata ficaram registadas". Algo "recorrente mesmo noutras matérias", diz o antigo responsável que, "incapaz de pactuar com ilegalidades", pediu a demissão um mês depois.
Segundo Nélson Ferraz, diretor geral da empresa, "o parcómetro foi retirado por não dar lucro". Ao JN, o responsável explica que a zona em questão é fortemente residencial e muito castigada pelo estacionamento pago. "O facto de a artéria ser pouco utilizada para estacionar, de a máquina ser pouco usada pelos moradores, e de o lucro do estacionamento não ir além dos seis cêntimos/dia pesou na decisão", refere Nélson Ferraz. O diretor-geral diz que a decisão em nada teve a ver com o facto do vereador - que "tem no prédio lugar de garagem e carro de serviço que dispensa pagamento" - residir ali. Deve-se também, isso sim, ao facto de existir uma escola perto da Rua de Manuel Faro Sarmento. A EMEM retirou, portanto, o parcómetro para "facilitar os pais que todos os dias deixam os filhos nas aulas".
Moradores satisfeitos
Os moradores e comerciantes do local desconhecem esta troca de acusações e concordam com a retirada do parcómetro. "Deviam até retirar mais porque todas as semanas gasto perto de quatro euros para estacionar quando trago o meu marido às consultas", refere Lurdes Braga. A rua está junto à via periférica numa zona fortemente urbanizada e com vários serviços.
Detalhes
Pandemia
O estacionamento à superfície, suspenso desde 26 de janeiro, voltou a ser pago a partir do dia 5 de abril.
Preço
Estacionar no centro da Maia (zona vermelha) custa 30 cêntimos/meia hora, 55 cêntimos/hora. Os valores são iguais na zona amarela (aeroporto).