O abastecimento de água ao parque de campismo do Baleal, Peniche, está há 22 dias a ser feito pelos bombeiros.
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O parque tem restrito o acesso a captações privadas após a deteção da bactéria legionela, informou a direção.
A estrutura, construída na década de 1970, está ilegal, não tem ligação à rede pública de abastecimento de água e possui 900 habitações clandestinas, sem licença de utilização, motivo pelo qual nunca foi feita a ligação à rede pública de água, explicou à Lusa fonte da autarquia. Mário Silva, presidente da direção da Balealcoop, proprietária do parque, confirmou esta informação.
Por ser abastecido por captações próprias, ligadas por uma rede interna às casas, os utentes sempre tiveram conhecimento de que a água deveria ser utilizada apenas para banhos e regas, não sendo aconselhável o seu consumo.
Questionado pela Lusa, o Turismo de Portugal "desconhece a sua legalidade [do parque]", apesar de estar a acompanhar o problema provocado pela legionela, e esclareceu que o parque não se encontra registado no Registo Nacional dos Empreendimentos Turísticos.
Aquela entidade acrescentou que o licenciamento relativo à instalação e a classificação dos parques de campismo são competências das câmaras municipais, remetendo a responsabilidade de fiscalização e de sanção para a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica e para a Câmara de Peniche, cujo presidente, António José Correia, não deu explicações sobre o assunto.
Segundo o diretor da Balealcoop, o parque tem vindo a fazer um esforço para se legalizar, processo que já iniciou em relação às estruturas de uso coletivo e que pretende continuar, apontando para uma segunda fase a ligação definitiva à rede pública.
O parque continua aberto e os utentes, que no verão chegam a ser cinco mil, estão há 22 dias a abastecer-se de água junto de um autotanque dos bombeiros, confirmaram o parque e a autarquia.
Depois da deteção da bactéria, a 26 de maio, a rede foi desinfetada e foram feitas análises às captações e à rede, cujos resultados, conhecidos na segunda-feira, concluem que o problema estará resolvido, disse Mário Silva.
Contudo, a autoridade de saúde, que veio a conhecer o problema a 31 de maio, mantém ainda a interdição total ao uso dessa água, confirmou à Lusa a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT).
A ARSLVT justifica que "foi determinado um conjunto de procedimentos a serem aplicados, no sentido de eliminar qualquer presença de legionela no circuito de água", podendo ser realizadas novas análises, como "medida de prevenção".
Apesar de não haver casos de doenças conhecidos, a autoridade de saúde restringiu o uso da água não só ao consumo humano, mas também às "atividades de banho de duche, piscina e rega por aspersão" em todo o parque, "até que a avaliação epidemiológica e os resultados da água comprovem a ausência de risco".
Entretanto, a Saúde Pública Local, a Câmara Municipal de Peniche e Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR) decidiram, em reunião, manter em funcionamento a captação privada, num futuro próximo, mantendo a interdição para consumo humano.
Para suprir a necessidade, a Balealcoop vai instalar a curto prazo um reservatório, cuja água a armazenar vai ser abastecida pela rede pública.
Antes de a legionela ter sido detetada, essa decisão já tinha sido tomada. É "uma solução parcial, porque não há condições físicas para resolver o assunto na totalidade, explicou Mário Silva".
Foi a primeira vez que a bactéria foi detetada na rede de água interna do parque.