O candidato do PSD à Câmara do Porto, Pedro Duarte, quer recuperar "as coisas bem-feitas" pelo ex-autarca Rui Rio, admitindo que pretende "revisitar" o programa Porto Feliz, que visava erradicar os arrumadores de carros das ruas do Porto.
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Numa entrevista ao jornal "Expresso", Pedro Duarte admitiu sentir-se inspirado pelo antigo presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, e avançou que pretende recuperar as "coisas bem-feitas" pelo autarca social-democrata, entre as quais o polémico programa Porto Feliz, que funcionou entre 2002 e 2006 e visava retirar os arrumadores de carros das ruas do Porto.
"Temos de ter uma resposta muito efetiva com o reforço policial nas ruas, ao mesmo tempo, vamos ter de ter uma política humanista, designadamente de combate à toxicodependência. É o principal problema que alimenta a insegurança na cidade, e aí tenciono revisitar um programa do tempo de Rui Rio, que era o Porto Feliz, pois parece-me importante", sustentou Pedro Duarte.
A história do Porto Feliz remonta a janeiro de 2002, quando a Câmara do Porto conheceu o atual presidente, Rui Rio. Depois de uma campanha na qual prometeu a "erradicação" dos denominados arrumadores em um ano, o candidato social-democrata confirmou a sua intenção, numa entrevista ao JN publicada a de 6 de janeiro de 2002, garantindo que a resolução do problema dos arrumadores tinha "como limite 2002".
Em junho de 2022, a Câmara dava início ao Porto Feliz, um programa concebido por três professores da Universidade do Porto (UP): Cândido Agra (da Faculdade de Direito), Carlos Mota Cardoso e João Marques-Teixeira (ambos da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação). O programa focava-se no tratamento e reinserção de toxicodependentes e trabalhou sobretudo com os arrumadores de carros na cidade.
Mas acabou por ser extinto depois de divergências entre a Câmara do Porto e o antigo Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (antes era IDT- Instituto da Droga e Toxicodependência). O protocolo que regia o Porto Feliz foi denunciado pelo IDT em julho de 2006, com efeitos a partir de 15 de Novembro daquele ano.
À conta disso, a Autarquia decidiu abandonar um projeto que, segundo revelou Rui Rio, na altura, contactou 2.500 toxicodependentes, dos quais 669 aceitaram participar no Porto Feliz e 334 ficaram livres da droga e aptos para a vida ativa, recuperando ou ganhando um emprego. Na altura em que foi cancelado, estavam cerca de 260 pessoas ao abrigo do programa, que custou, desde a sua criação, "sete a oito milhões de euros", repartidos em partes idênticas pela Segurança Social, IDT e Câmara do Porto.