A equipa de limpeza do Hospital de Gaia teve de ser reforçada. A empresa que trata da higiene de várias instituições contratou mais pessoal.
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Dos puxadores aos parapeitos das janelas. No Hospital de Gaia, Carla Soares passa tudo a pente fino. Faz parte do pelotão que garante a limpeza e a desinfeção da unidade hospitalar situada num dos concelhos mais afetados pela covid-19. Nos últimos meses, a pandemia triplicou as tarefas e obrigou a redobrar os cuidados para prevenir contágios.
A equipa já não limpa apenas das áreas comuns. Foi requisitada ainda para algumas tarefas anteriormente desempenhadas por auxiliares de ação médica. "Agora limpo também o interior dos gabinetes", explica Carla Soares, que há 10 anos veste a farda da Euromex. A empresa responsável pela higiene do Hospital de Gaia trabalha noutras unidades de saúde, em várias câmaras e instituições de Ensino Superior. Com a pandemia, o trabalho de limpeza aumentou. De tal forma que a Euromex admitiu mais 192 trabalhadores desde o início de março.
A lixívia é aliada
No Hospital de Gaia nada pode falhar. No carrinho, Carla leva quatro panos de diferentes cores: um para puxadores, outro para gabinetes e dois para casas de banho. A lixívia é a aliada no combate ao vírus e a máscara um trunfo para se proteger. As luvas também a acompanham durante o turno. Troca-as de 20 em 20 minutos. Nos dias em que desinfeta os balneários dos profissionais de saúde, veste ainda uma farda descartável. O medo não entra ao serviço. "Receio todos temos, mas não vale a pena termos medo de vir trabalhar porque podemos apanhar [o vírus] numa simples ida para comprar pão", disse a mulher, de 46 anos.
Divididos em turnos, no Hospital de Gaia há cerca de 70 funcionários de limpeza, tendo a equipa sido reforçada com 18 trabalhadores. É Ana Barros quem coordena a equipa. Foi uma das funcionárias a desinfetar a tenda onde se realizam os testes à covid-19. Após a sua abertura, nunca mais lá entrou. Até porque os auxiliares da limpeza não têm contacto direto com os pacientes da covid-19.
"Quando há alas que tiveram doentes infetados, os auxiliares [da ação médica] vão lá primeiro para desinfetar a área e então depois entramos nós para fazer a limpeza geral. Paredes, chão, teto, tudo", detalha.
No início foi complicado
Na entrada do pavilhão central, uma outra funcionária limpa o chão da deserta sala de espera. O cabelo está tapado com uma colorida touca. Ajuda a segurar a máscara e a aliviar a pressão dos elásticos nas orelhas. Entre os auxiliares da limpeza, não houve casos positivos de covid-19. "Inicialmente foi muito complicado, devido ao desconhecimento do vírus. Não sabíamos se estávamos a mexer num local e ele estava contaminado", referiu Ana Barros, admitindo que o receio foi atenuando com o passar do tempo.
Dados
Várias instituições
A Euromex presta serviços a 750 entidades de todo o país. Entre outros locais, a empresa presta serviços no Hospital de S. João, no Centro de Reabilitação do Norte, no porto de Leixões, no Hospital da Prelada, na Misericórdia do Porto, nas universidades de Aveiro e Minho, nos politécnicos de Lisboa e do Porto, e nas câmaras de Gaia, Valongo, Felgueiras, Póvoa de Varzim, Maia, Lisboa e Matosinhos.
3500 funcionários
A empresa conta com cerca de 3500 funcionários dispersos de norte a sul do país, sendo que cerca de mil estão alocados a unidades de saúde.