Não é apenas o polémico troço interrompido, construído contra os muros de uma habitação, em S. Romão, que ensombra a nova ciclovia do Coronado, na Trofa. Transposta a ponte sobre a autoestrada A3, em S. Mamede há zonas "perigosas" para os utentes, denuncia o presidente da Junta.
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Na Rua do Gondão, que passa pelo meio de terrenos agrícolas, a estreita via rodoviária foi separada da zona ciclável por um murete de "pedras soltas, roliças e redondas", sobrepostas, o que "é perigoso", nota José Ferreira, que critica o facto de não se ter aproveitado a obra para "alargar a rua, onde passam máquinas agrícolas" nos dois sentidos, havendo apenas uma largura de cerca de cinco metros. Ali, um acidente rodoviário pode, por exemplo, projetar as pedras soltas para o corredor ciclável e pedonal, atingindo utentes.
"É um muro escangalhado e feio. As pessoas chegam aqui e perguntam: "o que é isto?". Além disso, é perigoso. Tenho vergonha de ter isto na minha freguesia. Puseram muros tão bonitos nas propriedades [que cederam parcelas de terreno para a ciclovia] e aqui fizeram isto", condena o autarca do Coronado. "Tínhamos o problema da Rua do Gondão apertada, e continuamos a ter. Como é que se faz uma obra destas e não se beneficia o trânsito aqui? Era necessário alargar a rua", sustenta José Ferreira, lembrando que "esta é uma zona agrícola, e isso deveria ter sido acautelado".
A passar diante dos portões dos terrenos agrícolas, o corredor pedonal e ciclável do Coronado "vai tornar-se uma zona suja e obrigar a muita manutenção", antevê o autarca, que deixa ainda um alerta sobre um remate "perigosíssimo" na Travessa da Fonte, para onde a ciclovia inflete num cotovelo. Aponta: um tubo de escoamento de águas, que termina num desnível acentuado da rua, "é uma armadilha" que "pode provocar acidentes", já que, nesse troço, a ciclovia apresenta um declive significativo.
Logo a seguir surge "a [antiga] mina de água, que fica cheia até cima, no inverno. [Os ciclistas] podem entrar por ali dentro", avisa uma moradora, que sugere a "colocação de uma rede". O presidente da Junta do Coronado diz que "havia alternativas" ao traçado escolhido, e refere que uma delas "seria seguir o caminho de Santiago".
"A Junta não está contra a obra, mas nunca foi tida nem achada no projeto, e havia alternativas mais baratas e seguras e que iriam beneficiar ruas secundárias. Temos circuitos bem melhores", defende José Ferreira.
Questionada pelo JN, a Câmara da Trofa não respondeu.
Investimento
Com uma extensão de 2,5 quilómetros, o corredor ciclável e pedonal do Coronado custou quatro milhões de euros, e liga os centros urbanos de São Mamede e de São Romão do Coronado.
Valências
Além de permitir andar a pé e de bicicleta, o novo corredor dispõe ainda de um parque infantil, um parque geriátrico dotado de aparelhos para a prática de exercício físico, parques de estacionamento e uma zona desportiva.