Entre Francelos e Miramar, à beira da praia, em Gaia, há três equipamentos que tiveram a sua época áurea, mas que hoje estão sem uso: uma antiga colónia de férias, o terreno que acolheu as instalações da RDP e o outrora carismático hotel Mirassol, onde o F. C. Porto, treinado por Pedroto, estagiou. A localização é ótima e devia atrair investimentos, mas nada se avista. Estão inativos há anos. Ao JN, a Câmara de Gaia adiantou que, ultimamente, não deu entrada qualquer projeto.
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O Mirassol, que era um ex-líbris da orla marítima, fechou portas na década de 90. Em 2011, na presidência autárquica de Luís Filipe Menezes, ficou desbravado o caminho para o imóvel ganhar uma nova vida. O edifício foi vendido a estrangeiros por cinco milhões de euros. Quem o comprou adquiriu-o com projeto aprovado para ali ser construída uma unidade hoteleira. O Município apoiou por se enquadrar no "esforço de reabilitação da marginal", segundo foi dito. O modelo a implantar seria de um aparthotel, com valência de turismo sénior e apoio médico. A capacidade era de 93 quartos e 58 residências. Incluía a recuperação da fachada e do prédio. Acoplado, nas traseiras, outro imóvel seria erguido. No meio do complexo estava prevista uma piscina.
O plano soava bem, mas não se concretizou. Passados estes anos, o Mirassol continua em ruínas, à espera de um novo destino. Em 2015 era propriedade do grupo Salvador Caetano. Hoje, está vedado e nas faixas surge a inscrição da empresa Auto Partner Imobiliária, que tem o mesmo endereço da sede da Salvador Caetano. O JN contactou o grupo conhecido pela sua ligação ao setor automóvel, mas não obteve resposta.
preço gerou polémica
O terreno que servia de base para o posto emissor da RDP foi vendido pelo Estado, em 2016, por 1,75 milhões de euros. Em 2017 deu entrada na Câmara de Gaia um Pedido de Informação Prévia no intuito de ali ser construído um hotel, mas a Autarquia deu parecer desfavorável.
Em 2020, num site dedicado ao imobiliário, a área com 27 mil metros quadrados esteve à venda, mas por um valor incomparavelmente superior: 12,35 milhões.
A diferença de preços, entre a alienação feita pela RDP e o montante pedido em 2020, gerou controvérsia. O assunto foi levado pelos partidos à Comissão Parlamentar de Cultura e Comunicação e a ministra Graça Fonseca foi ouvida. Atualmente, o terreno está devoluto. Nem sequer está murado. Qualquer pessoa pode lá entrar.
Ainda na primeira linha de mar, também grafitada e com futuro incerto encontra-se a antiga colónia de férias balneares. Pertenceu ao Banco Português do Atlântico, que seria aglutinado pelo BCP. Posteriormente, passou a ser património da STCP, que reafirmou, agora, já ter transacionado o espaço. Está nas mãos de privados. Sem projeto à vista, o que se vê são os sinais de degradação.
Existiram consultas
Numa entrevista ao JN, em janeiro do ano passado, o presidente da empresa municipal Gaiurb, António Miguel Castro, deu conta da "existência de consultas" por parte de investidores acerca do Mirassol.
Pedida auditoria
No seguimento da ida da ministra Graça Fonseca à Comissão de Cultura e Comunicação, esta entidade parlamentar pediu uma auditoria ao processo de alienação do terreno onde estava o posto emissor da RDP.
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