A organização da iniciativa entregou à Autarquia uma petição com 5701 assinaturas, reivindicando a realização do arraial no centro da cidade. Câmara alega que há vários eventos a decorrer na mesma data e que a localização pretentida iria pôr em causa a mobilidade dos portuenses.
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A Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho LGBTQI+ do Porto (COMOP) entregou à Câmara do Porto, ao final do dia de quarta-feira, as 5701 assinaturas que a petição "Contra a invisibilidade, queremos festa no centro da cidade" reuniu desde domingo, dia em que foi lançada pelo movimento.
"O objetivo desta petição é ampliar as vozes dos 21 coletivos e associações que compõem a Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto", sublinhou a organização do evento no email que remeteu à Autarquia com as assinaturas do requerimento. "Merecemos terminar a marcha e realizar a nossa celebração ativista no centro da cidade", vincou a COMOP.
"Solicitamos que o pedido dessas pessoas seja atendido e o município dê uma resposta correta e clara ao desejo de tantas pessoas para que esta celebração aconteça no centro da cidade e num espaço acessível e capaz de comportar a expectativa da organização de que 15 mil pessoas estejam presentes", apelou a organização no mesmo email, ao qual o JN teve acesso.
Em causa está um pedido da organização da marcha para realizar um arraial na Alameda das Fontainhas, uma pretensão que foi declinada pela Câmara do Porto, sob a justificação de que no fim de semana em causa - 7 a 9 de julho - a agenda de eventos da cidade "não permite a concretização do evento no local que a organização pretendia".
No domingo, na sequência da criação da petição online pela COMOP, a Autarquia fez saber, contudo, que apoiaria a Marcha do Orgulho LGBTI+ da cidade através da disponibilização do Parque Municipal do Covelo e de ajuda material, mas a comissão organizadora acusou a Câmara de querer remeter evento à "invisibilidade".
"A escolha do Parque do Covelo, local municipal com todas as condições para a realização do evento e no qual frequentemente acontecem diversas iniciativas municipais e promovidas/apoiadas pela Ágora, teve como principal fundamento lógico, o facto de ser um parque urbano e estar próximo de acessos viários (VCI), e transportes públicos tais como o Metro e a STCP", esclareceu a Câmara esta quinta-feira, em resposta ao JN, reiterando que "já manifestou e transmitiu à organização que iria apoiar" a iniciativa.
"A Quinta do Covelo não reúne as condições para albergar um evento desta magnitude, além de apresentar várias limitações ao acesso e para pessoas com mobilidade reduzida", salientou, no entanto, a COMOP na petição enviada à Câmara, defendendo ainda que "a manifestação, que acontece no centro da cidade, tem que obrigatoriamente terminar neste arraial, pois será palco de leitura de manifestos e de outras intervenções associativas, reforçando assim a inviabilidade desta proposta".
"Esta decisão [da Autarquia] põe em risco não só a realização do evento, mas também os nossos compromissos com fornecedores, artistas, públicos, bem como a nossa gestão financeira totalmente comparticipada pela comunidade da cidade do Porto. Além disso, o valor arrecadado com as vendas do arraial contribui para dar resposta às dezenas de pedidos de apoio social que anualmente chegam aos nossos coletivos e associações", explica a COMOP no texto da petição, na qual reivindica a realização da iniciativa no centro da Invicta.
Ao JN, a Câmara explicou, contudo, que já recusara pretensão idêntica da organização do festival Porto Pride, que terá lugar no Parque da Pasteleira, após acordo entre as partes. "Sempre foi referido à organização da marcha LGBTI+ que pretendíamos evitar o centro da cidade para a realização do arraial, à semelhança do que aconteceu com a outra iniciativa, com o mesmo cariz e no mesmo fim de semana (Porto Pride). O impacto deste evento no centro da cidade, num fim de semana onde se realizam vários eventos, tais como o Festival da Comida Continente (Parque da Cidade); Piquenique Dançante (Parque de S. Roque); Estádio de Praia (Edifício Transparente); Porto Pride (Parque da Pasteleira); Corrida PortuCale (Gustavo Eiffel e Paiva Couceiro), não facilitaria a mobilidade dos portuenses".
A Autarquia acrescenta ainda que "a Porto Pride manifestou disponibilidade para acolher o arraial da Marcha do Orgulho LGBTI+ no Parque da Pasteleira, conjuntamente com o seu evento", e frisa que, caso exista entendimento nesse sentido, "o município está ao dispor, como sempre esteve, para dar o devido seguimento ao que for decidido".