A ameaça de cheia no Peso da Régua não se concretizou, durante a tarde deste domingo. As águas do rio Douro ficaram a cerca de dois metros da avenida João Franco, uma das mais comerciais da cidade e onde os prejuízos podem ser mais elevados em caso de o rio transbordar.
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Porém, a Protecção Civil do distrito de Vila Real, após reunião entre todos os agentes envolvidos, avançou que às 3.30 horas da madrugada, por altura da preia-mar, a situação poderá voltar a complicar-se. “Vamos ficar de prevenção para em caso de necessidade ajudar a população”, notou o comandante distrital, Carlos Silva.
Durante a manhã de hoje, a Avenida do Douro, na zona da Barroca, foi inundada, mas depois da hora de almoço o nível das águas começou a descer. Foi durante a tarde que se registou a maior enchente de curiosos na marginal da Régua. Centenas deles. Gente local e até forasteiros que quiseram testemunhar uma eventual cheia. Ângela Pereira passou o fim-de-semana na Penajóia (Lamego) com a irmã e os pais, e antes de regressar à cidade do Porto, onde vive, quis “matar a curiosidade de ver a cheia na Régua”.
Os comerciantes estão de pré-aviso mas ainda não chegaram a retirar os bens das lojas situadas na avenida João Franco. Nuno Almeida, da loja “Vinho e Companhia”, permanece à porta na companhia de familiares e amigos para o que der e vier. “Já está tudo mais ou menos orientado, as garrafas estão encaxotadas, para o caso do rio começar a subir retirar as coisas. Consigo esvaziar a loja em 15 minutos. Até porque se o rio entrar, entra primeiro na cave”.
Ao mesmo tempo, Carolina Pinto vigiava o rio, esta tarde, na companhia do sorriso da neta Ana Luísa. Tem o “Café Barquinho”, perto da margem. “Eles (autoridades) disseram que era capaz de subir cá em cima, mas não sei, não sei…”. Agora terá de esperar até às 3.30 horas da manhã para ver se há cheia.
Ora, para muitos a situação de subida das águas do rio Douro não é novidade. “Raro é o ano que isto não acontece. Este ano mais um bocado, vá…”, comentava Abílio Lopes, morador na Régua, garantindo que “este ano o rio não sobe à avenida João Franco, só daqui a dois anos”. A futurologia prende-se com a convicção reguense que “só há cheia de seis em seis anos”.
A Protecção Civil anunciou já um reforço de meios, nomeadamente com 27 militares dos quartéis de Lamego, Viseu, Vila Real e Chaves para ajudar os comerciantes e moradores a retirar os seus bens das lojas e de casa, no caso de o rio vir a subir até à avenida João Franco. Neste momento está a cerca de 4 metros. Estão ainda de prevenção 38 bombeiros voluntários da Régua e 25 militares da GNR.
Refira-se que para além da Régua, também a zona da praia fluvial do Pinhão, no concelho de Alijó, foi inundada pelo rio Douro. Os bens dos bares do local também foram removidos. “Não houve problemas de maior”, notou Carlos Silva.