Um parque logístico é no que se transformará, ainda neste ano, a refinaria de Leça da Palmeira, em Matosinhos. Além da refinação de combustível, também as fábricas de aromáticos, óleos e lubrificantes serão desativadas. No entanto, o futuro das instalações permanece em análise, sublinha a Galp ao JN.
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Apesar de a empresa garantir que o calendário para o encerramento das atividades ainda não está fechado, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energias e Atividades do Ambiente (Site-Norte), Telmo Silva, afirma que entre junho e julho próximos tudo estará desativado e dar-se-á início ao desmantelamento da unidade.
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"A refinaria vai ficar reduzida a um parque de receção de produtos de fora. Será uma fábrica só com tanques", critica o também membro da Comissão de Trabalhadores da Petrogal, Telmo Silva, que prevê "uma maior dependência do país" face ao exterior.
Os trabalhadores tiveram oportunidade de expor as suas preocupações, esta segunda-feira de manhã, ao deputado do BE na Assembleia da República José Soeiro, que considera o encerramento como uma "decisão selvagem".
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"O fim da refinaria é um escândalo. Significa um aumento da dependência externa e é uma opção errada do ponto de vista económico, do emprego e ambiental", critica o deputado, clarificando que o fecho "não reduz emissões", uma vez que as operações serão transferidas para Sines.
Para os trabalhadores, o cenário permanece enevoado. "Até hoje ainda não há "feedback", nem por parte da Administração da empresa, nem por parte do Governo. Os trabalhadores continuam sem respostas", lamenta Telmo Silva. De acordo com a empresa, dos 401 trabalhadores da refinaria, ficarão 60 para assegurar a atividade logística.
Restam soluções a nível da mobilidade interna, requalificação de competências e cenários de reforma e pré-reforma.
Baterias de lítio
Quanto ao futuro do espaço, a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, já garantiu que a classificação dos terrenos no Plano Diretor Municipal permanecerá industrial, mas admitiu que recusará soluções poluentes.
A Galp nega a existência de um projeto para a reconversão das instalações numa refinaria de lítio, hipótese que, apurou o JN, já terá sido alvo de discussão, com o conhecimento do Governo. O que existe, garante a Galp, "é um estudo de cadeia de valores das baterias", não tendo sido tomada, para já, uma decisão.
Em reunião camarária, o administrador da empresa José Silva referiu que o processo de desmantelamento da unidade será capaz de criar "postos de trabalho ao longo dos próximos três a cinco anos".
À lupa
1500 postos de trabalho
Aos 401 trabalhadores diretos da Petrogal, juntam-se 1100 prestadores de serviços que ficarão afetados com o encerramento da atividade
Refinação
O complexo da Petrogal tem uma capacidade de processamento de crude da ordem dos 110 mil barris por dia, o que representará um terço da capacidade de refinação da Galp no país.
"Northvolt"
O jornal "Eco" noticiou que a Galp tem um acordo com a empresa Northvolt para o fornecimento de lítio refinado, para fabrico de baterias. A empresa negou.
Audiência
José Soeiro revelou que o BE já pediu uma audiência com o ministro do Ambiente no Parlamento, estando à espera que seja agendada.