A Peugeot-Citroën (PSA) de Mangualde cumpriu ontem o primeiro dia de paragem de produção de Maio, ao abrigo da bolsa de horas, mas tem já previstos mais quatro, no regime do "lay-off".
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No início de Abril, a empresa anunciou cinco dias de "lay-off", no entanto, esclareceu na semana passada que, como cada colaborador tinha, "pelo menos, um dia completo de bolsa de horas", o primeiro dia de paragem de Maio seria processado "ao abrigo deste instrumento e não de redução temporária de actividade, não implicando, assim, diminuição salarial". Neste âmbito, os dias de "lay-off" previstos são 11, 22, 28 e 29.
A Peugeot-Citroën considera que, apesar da redução do poder de compra dos trabalhadores que o "lay-off" implica, esta é "uma solução socialmente preferível ao despedimento colectivo, na medida em que permite defender um maior numero de postos de trabalho, sendo também por isso uma solução mais solidária entre os trabalhadores".
Na quarta-feira, a empresa anunciou medidas para atenuar a perda de rendimentos dos trabalhadores, como, por exemplo, suportar, "a partir do 11.º dia de redução temporária de actividade, inclusive, 50% do salário referente aos dias de paragem" de cada colaborador abrangido. "Estas horas, pagas e não trabalhadas, integrarão um fundo social de crise e ficarão registadas numa conta corrente individual, podendo ser solicitado ao colaborador que preste serviço até ao saldo de horas nela constante", explicou. No entanto, "se até Abril de 2011 não surgir necessidade de prestar trabalho compensatório, o saldo caduca e o remanescente, se existir, é cedido ao colaborador". A Comissão de Trabalhadores considera, no entanto, que "o que a empresa está a tentar fazer é um aproveitamento, um negócio com as horas até 2011".
Aproveitando uma visita do ministro do Trabalho e da Solidariedade, Vieira da Silva, os trabalhadores da Citroen vão hoje ao Governo Civil de Viseu para lhe deixar o recado de que "há famílias que neste momento têm de optar entre pagar a renda da casa ou dar alimentação aos seus filhos".
Para responder aos efeitos da crise mundial no sector automóvel, a PSA de Mangualde já tomou medidas como a não renovação de contratos, a criação da bolsa de horas, a passagem de três para dois turnos, a diminuição da cadência de produção horária, a abertura de um plano voluntário de saídas e a antecipação de férias.
A Comissão de Trabalhadores estima que, desde o início do ano, tenham saído perto de 500 trabalhadores da fábrica, cerca de 400 contratados e temporários que não viram os seus contratos renovados e 80 efectivos que aceitaram uma rescisão amigável.