Um grupo de cidadãos com ligações a S. Pedro de Moel vai constituir uma comissão de moradores para "recuperar a dignidade urbana e balnear" daquela praia do concelho da Marinha Grande.
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O estado de degradação do complexo de piscinas, desativado há cinco anos, constitui a principal preocupação de moradores e comerciantes, que se vão reunir hoje, pelas 21 horas, no Hotel Mar e Sol, para debater este e outros problemas.
No ano passado, foi entregue uma petição pública à Câmara da Marinha Grande, subscrita por 1399 pessoas, a sugerir que o complexo de piscinas passasse a ser explorado pelo município. Os subscritores pretendiam ver repostas as valências que ali existiam: quatro piscinas, uma das quais olímpica, restaurante, discoteca e bares.
Inauguradas há 51 anos pelo então presidente da República, Américo Tomás, as piscinas de S. Pedro de Moel foram exploradas pela Promoel - Empreendimentos Turísticos de S. Pedro de Moel até terem sido vendidas, em 2010, à Gestoliva, que pretendia reabilitar as piscinas e integrá-las num complexo turístico (ler texto ao lado). O adiamento do projeto e a falta de manutenção do espaço conduziram ao estado de degradação em que se encontra.
Negócios caíram a pique
A explorar o Café da Praia, a poucos metros de distância, Natália Loureiro garante que desde que as piscinas, a discoteca e os bares fecharam, o seu "negócio caiu 90%". "Essas pessoas criavam movimento em cafés, restaurantes, hotéis e casas para arrendar", explica. Desde então, "vêm e vão embora". "Não queremos transformar S. Pedro de Moel numa Nazaré ou numa Vieira, mas precisamos de ter mais atrativos", reclama a comerciante ao JN.
Presidente da Associação para a Promoção do Turismo de S. Pedro de Moel, João Caetano confirma o impacto negativo. "A malta jovem deixou de vir para S. Pedro. Não vindo os jovens, os pais também não vêm", lamenta. No caso da Pastelaria Arco-Íris, de que é proprietário, as vendas desceram 50%, já que era habitual os clientes da discoteca e dos bares procurarem o espaço de madrugada, o que deixou de suceder.
Muito calmo para jovens
"Os mais novos querem divertir-se e S. Pedro é demasiado calmo para os dias de hoje", afirma Marco Maia, filho do proprietário da Esplanada Estrela do Mar, que explora o espaço há 41 anos.
O Rosis Pub e o Bambi são os dois espaços de diversão noturna que restaram, mas, sublinha, estão condicionados pelo horário de funcionamento. Marco Maia recorda os tempos áureos das piscinas de água salgada, encaradas como "uma boa alternativa à praia", que ostenta, muitas vezes, bandeira vermelha, impossibilitando a ida a banhos.
Envolvido na constituição de uma comissão de moradores, Miguel Mota considera urgente intervir nas piscinas. "É vergonhoso o ex-líbris de S. Pedro de Moel e da Marinha Grande estar neste estado deplorável", observa. Está, contudo, consciente que o Plano de Ordenamento da Orla Costeira Ovar-Marinha Grande dificilmente vai permitir recuperar o espaço, situado junto à praia.
DIFICULDADES
Proprietária e Câmara não batem certo quanto ao novo projeto
A Gestoliva, empresa do Grupo Oliveiras, da Batalha, diz que continua a aguardar pelo despacho e aprovação do complexo turístico requerido, em 2010, à Câmara da Marinha Grande. "Apresentámos um projeto de reabilitação das piscinas, integradas num complexo turístico, que seria uma mais-valia para São Pedro de Moel, uma vez que iria criar dinamismo económico-social, turístico e um espaço de diversão na localidade". Já a presidente do município, Cidália Ferreira, esclarece que "o processo de operação urbanística, apresentado pelos proprietários junto da Agência Portuguesa do Ambiente, mereceu parecer desfavorável, impedindo assim qualquer tipo de intervenção naquele espaço". Prevê ainda que a entrada em vigor do Plano de Ordenamento da Orla Costeira Ovar-Marinha Grande traga mais "dificuldades".