Carina Ferreira, a jovem que estava desaparecida desde 1 de Maio, em Lamego, foi ontem, segunda-feira, encontrada pela Polícia Judiciária, dentro do carro, no fundo de uma ravina de 30 metros, na A24. Morreu de acidente, a três quilómetros de casa, depois de voar sobre um talude
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A jovem não terá andado mais do que três quilómetros desde que saiu de casa, no final do feriado do Dia do Trabalhador, para ir a uma festa cubana no Clube de Caça e Pesca do Alto Douro, na Régua. "Um eventual excesso de velocidade e/ou distracção fizeram o carro de Carina tocar na valeta a seguir ao viaduto da A24, no sentido Lamego/Régua, o que provocou um efeito alavanca. O Peugeot 106 'voou' sobre um talude de 7,5 metros, protegido com rede, que nem tocada foi, e precipitou-se depois na ravina", explicou, ao JN, Manuel Coutinho, vereador da Protecção Civil da Câmara de Lamego.
O facto de não existirem no pavimento sinais de travagem ou quaisquer outras marcas provocados pelo automóvel da jovem dificultou as buscas. No entanto, a equipa especial de investigação criada pela Polícia Judiciária do Porto nunca desistiu e, nos últimos dias, dois inspectores andaram a percorrer todas as ravinas da auto-estrada em rappel. Ontem, viram algo anormal no meio da densa vegetação, acabando por verificar que era o carro da jovem, capotado, dentro do qual estava o corpo, ainda com o cinto de segurança colocado.
Em comunicado, a PJ referiu que "tudo indica tratar-se de um infeliz desfecho derivado de um acidente de viação, mas apenas os resultados da autópsia, a realizar pelo Instituto de Medicina Legal, poderão confirmar, ou não, tal ocorrência, mantendo-se em aberto outras possibilidades da causa da morte".
Durante todo este tempo, a PJ ouviu pessoas que privaram com Carina a fim de tentar detectar alguma pista de investigação. Um trabalho que levou os inspectores a diversas zonas de Lamego e Peso da Régua.
Ao mesmo tempo, foram solicitadas às operadoras de telecomunicações indicações sobre a activação de células de antenas de telemóveis no dia em que desapareceu. Concluiu-se que os últimos sinais de funcionamento dos dois aparelhos ocorreram entre as zonas de Balsemão e Ponte da Varosa. Acontece, porém, que estas localidades se situam algures no percurso Lamego-Régua, que era suposto Carina Ferreira efectuar no dia do desaparecimento, quando se dirigia para a Régua, onde iria ter com a irmã e uma colega de trabalho, para uma festa cubana.
Ontem, antes da remoção do corpo, as autoridades verificaram que junto ao mesmo encontrava-se a carteira de Carina Ferreira com todos os pertences e os dois telemóveis que usava, e cujo sinal de satélite foi determinante para as buscas naquela zona.
O automóvel da jovem aguardava a chegada de uma grua, ao princípio da madrugada de hoje, para ser retirado. A família de Carina Ferreira não presenciou as operações de resgate.
* COM NUNO MIGUEL MAIA E REIS PINTO