Trezentos apartamentos, um hotel com 11 pisos e um centro comercial. Varzim SC e Desportivo saíam da beira-mar com os bolsos cheios para financiar novas instalações. Era este o primeiro Plano de Pormenor da Zona E54 (PP E54), na Póvoa de Varzim. Em 2018, foi suspenso. Da esquerda à direita houve aplausos.
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Agora, a Câmara quer demolir a Praça de Touros e edificar no seu lugar um moderno multiusos. Os dois clubes ficam onde estão. À volta, jardins e estacionamento. A proposta está longe de ser consensual e, sem ter nascido, a Póvoa Arena - e o fim da Póvoa das touradas - está já no tribunal. O primeiro plano é de abril de 2009. O quarteirão composto pelo Estádio do Varzim SC, Clube Desportivo da Póvoa (CDP) e Praça de Touros, no centro da cidade, a 50 metros da praia, daria lugar a uma zona residencial, um hotel e um centro comercial. Em troca dos terrenos, o promotor ficaria obrigado a construir as novas instalações dos dois clubes no Parque da Cidade. Aires Pereira era, à época, vice-presidente da Câmara.
Volvidos quase dez anos, o plano nunca avançou e, em 2018, o autarca - já presidente - retoma a discussão. Não queria mais prédios junto ao mar, numa zona já altamente "pressionada" pela construção em altura, e propunha novo plano.
O E54 foi suspenso. Unanimidade na Câmara a 27 de março de 2018 e na Assembleia Municipal dois meses depois, com PSD, PS, CDS, BE, CDU e PAN juntos na crítica.
tribunal pára demolição
Um ano depois, Aires Pereira apresentou a nova Póvoa Arena. A velhinha Praça de Touros seria demolida e daria lugar a um multiusos com capacidade para três mil pessoas. A obra custará 8,7 milhões de euros.
Pouco mais de seis meses depois, chegou a proposta de um novo E54. A Póvoa Arena ao centro, 200 lugares de estacionamento com um nível semienterrado e outro acima do solo no lugar do atual campo de treinos do Varzim, um novo edifício para o CDP e um Estádio do Varzim com uma nova bancada a nascente, que a autarquia já disse que irá pagar por conta dos terrenos no Parque da Cidade que o clube já tinha adquirido para o novo Estádio.
O CDP protestou. Garantia já ter negócio feito. Agora, sem construção, não amealha para as necessárias obras. Quer saber o que é que a Câmara lhe vai pagar.
Um ano depois, o novo E54 está já na CCDR-N, mas aguardar parecer que é vinculativo, a que seguirá a discussão pública. O prazo foi, agora, prorrogado por mais dois anos.
Entretanto, em dezembro de 2020, arrancou a obra da Póvoa Arena. A Praça foi vedada, mas a obra não chegou a começar. A Patripove (Associação de Defesa e Consolidação do Património Poveiro) impugnou a demolição, evocando "a defesa do património cultural poveiro". E pede "a anulação da Póvoa Arena".
O tribunal mandou parar tudo. Qualquer que seja a decisão, o atraso vai já em sete meses e vai ter custos.