José Cordeiro "não quer deixar ninguém de fora". Celebra, hoje, a primeira cerimónia na Sé catedral, com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa.
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A mensagem que recebeu de um jovem, assim que foi anunciado como novo arcebispo de Braga, marcou "profundamente" D. José Cordeiro. Na missiva, era-lhe pedido que "não [se esquecesse] dos pobres e dos jovens". Ontem, na tomada de posse, ao contar esta história, o prelado garantiu que, no seu ministério, vai ter "uma predileção especial" pelos pobres, doentes, reclusos e pelas "periferias existenciais, sociais e geográficas", sem esquecer "os jovens, o trabalho e a precariedade".
"Não deixar ninguém de fora" é a missão que D. José Cordeiro quer assumir na Arquidiocese de Braga. Desta forma, adiantou que uma das primeiras tarefas será fazer uma visita pastoral a todas as 551 paróquias que servem aproximadamente 850 mil habitantes. "Só escutando as pessoas, os arciprestes, vice-arciprestes e os párocos saberei por onde começar. Mas, nestes dias que tenho estado aqui, já tive oportunidade de tocar no mistério da fragilidade. Ontem [anteontem], no centro de saúde do Bom Jesus, hoje [ontem] na casa sacerdotal. Há tantas boas práticas nesta Arquidiocese, mas não nos pudemos acomodar", afirmou D. José Cordeiro, na conferência de imprensa que se seguiu à tomada de posse na catedral da Sé.
Chegar a todos
O novo prelado admitiu não ter "um programa" ou "prioridades", mas insistiu que quer "chegar a todos". O processo de escuta, adiantou, "passará por todos os organismos, dentro e fora da igreja". Falou desde as empresas aos imigrantes que vivem na região. "Fiquei surpreendido com a presença dos nossos irmãos brasileiros em tão grande número e tantas outras nacionalidades", assumiu, antes de adiantar que vai reunir com a Comissão Diocesana da Justiça e Paz para abordar as questões da precariedade do emprego jovem.
Ao mesmo tempo, acrescentou D. José Cordeiro, "o evangelho não pode calar as periferias invisíveis, que existem no silêncio das cidades, aldeias e vilas", apontando para os problemas de "solidão e isolamento".
Cooperação
Sobre as relações com o poder político, o prelado promete uma "cultura do encontro" e "cooperação", nomeadamente na candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura. Recorde-se que, atualmente, são várias as polémicas que têm envolvido a Arquidiocese e o Município de Braga. Entre elas está a proibição de estacionamento junto à catedral da Sé, onde, ontem, D. Jorge Ortiga passou o legado a D. José Cordeiro. Na cerimónia, ofereceu-se para continuar a colaborar.
Hoje, pelas 16 horas, o ex-bispo de Bragança-Miranda vai ministrar a primeira cerimónia em Braga, com a presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, em representação do Governo.