Ponte da Barca: "O fogo já percorreu três freguesias e destruiu perto de dois mil hectares"
Augusto Marinho, presidente da câmara de Ponte da Barca, era esta terça-feira um dos rostos da preocupação com o incêndio obstinado que está a arrasar a paisagem do Lindoso e freguesias à volta, deixando populações em sobressalto com as labaredas à porta.
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Segundo o autarca, a área ardida atinge cerca de "dois mil hectares" e a destruição pode continuar se o fogo atingir, como se começou a temer a partir da tarde deste terceiro dia, a aldeia de Germil e a Mata do Cabril, reserva integral do Parque nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Ao final da manhã, as chamas voltaram a ameaçar a Ermida, confinada desde segunda-feira. O único acesso à aldeia foi cortado "por razões de segurança".
"A população pode entrar e sair. Neste momento o incêndio não oferece risco, já ofereceu a meio da tarde, mas com alteração do cento, a frente dirige-se para outro local", declarou o autarca, indicando que "as autoridades estão a cuidar para que tudo corra pelo melhor, uma vez que é uma população idosa".
Marinho lamentou ainda que fogo que esteve com fim à vista várias vezes, desde que deflagrou no sábado, não dê tréguas.
"Estamos sempre numa situação crítica. As coisas melhoram, depois ao fim de algum tempo, muda o vento, reacendimentos, projeções", disse, acrescentando que "o fogo já percorreu três freguesias, a área aproximada é de dois mil hectares. E a presença dos meios aéreos tem sido necessária".
"Na Ermida o cenário foi dantesco"
O vice-presidente da câmara, José Oliveira, mostrou-se impressionado com o que se viveu na Ermida, "entre as 18 e 19 horas" de segunda-feira. "Estive a ajudar a orientar as pessoas para saírem das suas residências, em colaboração com a GNR, porque a dada altura o cenário era muito complicado. As pessoas estavam desnorteadas, era muito fumo, muito ruído, muito medo, as chamas encostadas às casas já", relatou, adiantando que "quando as coisas ficaram muito más, as pessoas foram levadas para a zona da igreja, que era o sítio onde deviam estar reunidas".
"Hoje de manhã, estive na Ermida e parecia que não tinha acontecido nada, cheirava a queimado e as pessoas estavam mais sossegadas. Mas segunda-feira de dia, por causa do fumo, era noite pura. Foi um cenário dantesco", descreveu, indicando que "arderam adegas, armazéns de alfaias agrícolas, cortes de animais e uma casa não se salvou por milagre".