Apicultores aflitos com incêndio de Ponte da Barca: "Onde é que as abelhas agora vão buscar o pólen?"
Um grupo de homens do lugar de Lourido, em Entre Ambos-os-Rios, juntou-se esta terça-feira à beira da estrada que liga à Ermida, interrompida pela GNR, a olhar a serra a arder.
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Comentavam que o fogo "andou perto de casas na Ermida, em São Miguel e Froufe", que houve quem tivesse de recolher as vacas para não serem apanhadas pelas chamas e que há apicultores que já perderam colmeias. Outros estão com o coração nas mãos com medo dos danos que o incêndio, que não dá tréguas em Ponte da Barca desde sábado, possa causar.
Do grupo, fazem parte dois apicultores, Manuel e José Lobo. O primeiro é o que tem, de momento, mais motivos para se preocupar. É proprietário de mais de 300 colmeias e um dos apiários com cerca de um centena está instalado na floresta, numa zona conhecida por Trapa, junto à estrada da Ermida, mais acima do ponto de corte da via. Esta terça-feira, o fogo andou lá perto. "Estou preocupado. Nunca se sabe quando é que o fogo vai parar. Engana-se quem disser que vai parar amanhã", queixou-se Manuel, pouco disposto a falar sobre o assunto, enquanto o incêndio não for extinto de vez.
Foto: Miguel Pereira
"Isto foi a destruição total"
"As abelhas dele estiveram em perigo", confirmou José, que, para já com as suas colmeias a salvo, está solidário com Manuel. "Tínhamos tirado as alças [peças de madeira que se colocam por cima dos ninhos] para tirar mel e depois levei-as ao aviário do colega para as abelhas limparem os restos. Elas limpam aquilo tudo. Eram para lá ficar mais um dia ou dois, mas tive que ir buscar as alças por causa do incêndio", contou. "Claro que estamos com medo. Um senhor em Froufe perdeu duas ou três, derreteu tudo, só ficou o estrado onde elas pousam". E mesmo que o fogo não chegue aos apiários, o prejuízo é certo.
"Isto foi a destruição total. O Manuel, por exemplo, tem ali o apiário, aquilo era urze, durante dois anos vai ser um problema, porque não vai haver alimento", lamentou, explicando que "as abelhas só andam três ou quatro quilómetros".
"Com a dimensão que ardeu, não se sabe onde é que elas vão buscar o pólen. Aqui há alguns apicultores. Nesta zona sou eu e o meu colega. Na Ermida há mais dois. O mais forte é o meu colega Manuel."