Apresentação de "Pare, Escute e Olhe" sobreregião do Tua e suas gentes exibido no próximo dia 15.
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Jorge Pelicano, realizador do filme/documentário "Ainda há pastores", passou dois anos, entre montes e vales, a filmar a beleza do vale do Tua e as suas gentes. O filme vai ser exibido, em Mirandela, no próximo dia 14.
O documentário "Pare, Escute e Olhe", que defende a preservação da Linha do Tua, arrecadou seis prémios de cinema em dois festivais da sétima arte. Os prémios do Ambiente, Lusofonia e Juventude, foram atribuídos pelo Cine'Eco, em Seia. Com o mesmo documentário, o realizador venceu no Doc Lisboa os prémios de Melhor Longa Metragem, Melhor Montagem e o Prémio Escolas.
Em causa está uma obra em que Jorge Pelicano dá conta das consequências que a paragem progressiva da linha ferroviária do Tua, que liga Bragança a Mirandela, causa às populações, com especial destaque para o despovoamento e a desertificação. Segundo Pelicano, o filme "é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra".
O repórter de imagem da SIC pretende, com esta película, "pôr os políticos a reflectir" sobre aquela via ferroviária. Muito satisfeito com os prémios, Jorge Pelicano considera que começa a sentir a recompensa da vivência proporcionada ao longo dos quase dois anos de filmagens na região transmontana, resumidos em uma hora e 40 minutos de filme sobre a linha do Tua e da sua importância para quem vive na sua área de influência. "É verdade que o comboio não leva tanta gente" admite. "Por aquilo que assistimos, o metro leva, em média, cerca de 50 a 60 pessoas por dia", refere. "Mas o que o filme mostra é porque é que o comboio tem pouca gente e a resposta é fácil" considera. "Ao logo deste últimos anos, o investimento que houve naquela linha-férrea e naquele comboio foi deficitário" justifica.
Com este trabalho, Jorge Pelicano pretende "dar voz" a quem depende daquela ferrovia e tentar ainda ir a tempo de parar a construção da barragem de Foz-Tua que vai inundar 16 quilómetros da linha.