Partilha-se um sentimento de preocupação entre moradores e comerciantes da Estrada D. Miguel, em Gondomar. Isto porque as obras de requalificação da via estão a deixar as faixas de rodagem "mais estreitas", em consequência dos passeios "larguíssimos", que também ocuparam grande parte do estacionamento. Sendo aquela estrada muito usada por camiões devido à proximidade à zona industrial, e como há "sítios onde a via afunila muito", o morador António Batista admite que "muitas vezes um carro tem de travar ou quase parar para o camião não bater".
Corpo do artigo
O objetivo é transformar aquela estrada numa "via urbana", retirando-lhe o perfil de "autoestrada", afirmou ao JN o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins. Entre 2014 e 2019, acrescentou o autarca, a média de sinistralidade da via foi de três mortes por ano, 12 atropelamentos e 74 acidentes. Pedro Ferreira, dono de um estabelecimento naquela estrada, acredita, por sua vez, que as alterações vão provocar "ainda mais acidentes". O comerciante de 46 anos destaca a zona em frente à entrada da capela de S. José, onde uma parte do passeio foi prolongada até à passadeira: "À noite, e sem sinalização, os condutores batem ali. Até já lá estão uns separadores em plástico por causa disso". António Batista, que mora junto à igreja, confirma: "Já houve vários embates". Para já, o gondomarense de 69 anos diz que "ainda tem dúvidas" em relação à obra.
"Não sou contra nem a favor. Depois de a estrada estar sinalizada é que podemos ver", considera.
"muita gente preocupada"
"Fui à Câmara antes de as obras começarem porque preciso de um lugar para cargas e descargas. Quando isto ficar só com uma via, e com o camião no meio, ninguém passa", observa Pedro Ferreira, garantindo estar há cerca de um ano à espera de resposta. Junto ao balcão da loja está António Borges. O cliente e morador da zona atira de imediato: "De facto, há muita gente preocupada. Julgo que há uma comissão por causa das obras da Estrada D. Miguel".
"Em certos sítios, antes de chegar ao viaduto do elétrico, um camião não consegue cruzar-se com outro", observa Pedro. O presidente da Câmara alerta para o facto de a obra não estar concluída, dizendo que, quando terminarem os trabalhos, cada uma das faixas terá uma largura de 3,5 metros.
A eventual demolição dos viadutos existentes é também uma hipótese que tem deixado a população ansiosa. Pedro Ferreira acredita que as estruturas "vão abaixo" para dar lugar a rotundas: "Dizem que fazer a manutenção ficará muito caro". António Batista considera que "os viadutos estão bons", não vendo motivos para a demolição. "Para já, não está nada previsto, decidido nem em concurso", afirma Marco Martins. A eliminação dos viadutos que, para o autarca, são "um atentado urbanístico", está em estudo.
A obra deveria terminar no final deste verão mas atrasou, à semelhança do que aconteceu, na generalidade das obras públicas, devido à guerra na Ucrânia.
Estacionamento
Em lugares de curva, passadeiras e cruzamentos na Estrada D. Miguel foi eliminado o estacionamento, esclareceu o presidente da Câmara de Gondomar.
Segurança
A estrada terá, "uniformemente", uma faixa em cada um dos sentidos. O objetivo é "reduzir a velocidade média de tráfego" e "evitar as tentativas de ultrapassagem". Obra custa mais de 1,5 milhões de euros.
Ciclovia
A via, que liga Valongo à marginal na Foz do Sousa, em Gondomar, terá uma ciclovia "contínua". Ficará na berma da estrada.