Presidente da Anespo defende corte nas turmas do ensino regular para se aumentar os alunos nesta via.
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Num ano, o Ensino Profissional perdeu quase mil alunos (964). Só no concelho do Porto, em 2021, inscreveram-se menos 204 alunos nesta via. De acordo com os dados do InfoEscolas, 104 municípios ganharam alunos e 122 perderam. José Luís Presa, presidente da Associação Nacional das Escolas Profissionais (Anespo) culpa professores e uma má orientação vocacional de "empurrarem" alunos para cursos científico-humanísticos.
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Os dados do portal revelam que no ano letivo 2020-2021 estavam inscritos em cursos profissionais 109585 alunos, menos 86487 do que nos científico-humanísticos. O número corresponde a cerca de 36% do total de matriculados no Secundário, bem longe da meta de 50% de formados nesta via. Para José Luís Presa para se alcançar esse objetivo vai ter de se cortar nas turmas do ensino regular.
A quebra na natalidade reduz o número de alunos, começa por frisar ao JN, mas o Profissional nunca alcançará metade dos alunos do Secundário sem "orientações claras. Há que reduzir o número de turmas dos cursos científico-humanístico ao ritmo de 4% ao ano para que as turmas do Profissional aumentem na mesma proporção. Desta forma, em cinco anos, poderíamos assistir a um aumento de cerca de 20% o que faria com que nos aproximássemos da média europeia. Se esta opção não for tomada não saímos dos 36%", garante.
Em média, argumenta o presidente da Anespo, as empresas têm dois terços de quadros intermédios e um terço de quadros superiores. Mas, em Portugal, alerta, "as escolas teimam em encaminhar cerca de dois terços dos alunos para cursos superiores". E o pior, frisa, é que 20% dos alunos ficam apenas com o 12.º ano e aumentam o desemprego.
Pouca variedade
De acordo com o InfoEscolas, num quarto das escolas mais de 80% dos alunos acabam os cursos em três anos, sem retenções. Em 9, a taxa de conclusão foi de 100%. E apenas em 68 entre 688, a percentagem foi inferior a 50%.
No agrupamento Marinha Grande Nascente, cerca de 37% dos alunos do Secundário frequentam cursos nas áreas de Ciências Informáticas e de construção ou reparação de veículos. A taxa de conclusão em três anos foi, em 2021, de 100%. O lema em ambas as vias, garante o diretor, Nuno Cruz, "é não deixar ninguém para trás" para as dificuldades não se acumularem de ano para ano.
Nuno Cruz atribuiu à "imaturidade" dos alunos, no final do 9.º ano, e à falta de diversidade de cursos profissionais razões que continuam a afastar muitos alunos desta via. O agrupamento abriu, no ano seguinte, o curso de Técnico de Design de Moda e no próximo ano vai abrir o de Técnico de Desporto.
Já no agrupamento da Alpendorada em Marco de Canaveses, outro dos nove com uma taxa de conclusão de 100%, quase um quarto dos alunos do Secundário estão no Profissional. A diretora, Fátima Dias, atribui os bons resultados ao "empenho dos professores", alunos e à "ligação próxima" com as famílias. A atratividade dos cursos é fundamental para cativar, frisa.
"Em territórios de difíceis acessos, como é o nosso caso, a concertação em rede dessa oferta formativa "rouba" a muitos jovens a possibilidade de sonhar", defende Fátima Dias.