A Câmara do Porto quer construir escadas rolantes e um elevador entre Miragaia e os jardins do Palácio de Cristal e reativar o elevador da ponte da Arrábida.
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Quem é que não desejou, na íngreme subida até à Restauração, que as escadas na encosta de Miragaia fossem rolantes? A aspiração pode tornar-se realidade em pouco mais de um ano, se houver milhões europeus para concretizá-la.
A Câmara do Porto quer gastar 2,75 milhões de euros na reativação de um dos elevadores da ponte da Arrábida, na construção de novos caminhos entre o Codeçal e a Avenida de Vimara Peres (até ao tabuleiro superior da ponte de Luís I) e na instalação de escadas rolantes e de um ascensor na encosta de Miragaia e nos jardins do Palácio de Cristal. Estas serão, a par da intervenção na zona do Codeçal, as primeiras obras a realizar. O desconhecido elevador da Lada é uma das peças desse plano de mobilidade entre a Baixa e o Centro Histórico da Invicta. A introdução do tarifário Andante é fundamental. Para usar o ascensor na Ribeira e o elevador reativado da ponte da Arrábida, bastaria ter bilhete ocasional ou passe Andante. Curiosamente, o uso do título ocasional intermodal (Z2) não é aceite no funicular dos Guindais. Só pode subir quem compra bilhete turístico de 2,5 euros ou tem passe intermodal para aquela zona.
A vereadora da Mobilidade do Município do Porto, Cristina Pimentel, perspetiva avançar no início do próximo ano com o concurso público para a conceção do percurso pedonal pela encosta de Codeçal (tirando proveito do Elevador da Lada) e dos acessos mecanizados entre Miragaia e os jardins do Palácio de Cristal, vencendo a escarpa da Rua da Restauração. Definido o desenho, seguir-se-á a obra, desde que o investimento obtenha financiamento comunitário no PEDU. Rasgar-se-á, assim, um trajeto mais amigo do peão pelas ruelas de Miragaia. Segundo o Município do Porto, não só favorecerá os moradores por tornar mais fácil a ligação entre a marginal fluvial e as zonas da Cordoaria, da Restauração e da Rua de D. Manuel II, onde fica o Hospital de Santo António, como criará novos percursos turísticos. Os visitantes poderão dispersar-se pelo Centro Histórico (em vez da excessiva concentração na Ribeira), potenciando o encontro com os jardins do Palácio de Cristal.
O trajeto terá início na Rua dos Armazéns, a dois passos do edifício da Alfândega do Porto. O estudo municipal defende que a esplanada seja deslocada para franquear a passagem aos automóveis e que se criem rampas entre as ruas dos Armazéns e do Cidral de Baixo e de Cima. Para quem anda a pé, propõe-se que a subida seja feita pelas escadas rolantes a instalar nas Escadas das Sereias e que a descida seja facilitada por outras escadas rolantes, desta vez colocadas nas Escadas do Monte dos Judeus.
Os degraus mecânicos nas Escadas das Sereias levarão o peão até ao cruzamento com as ruas da Bandeirinha e de Sobre-o-Douro. E daí alcança a Restauração. É, neste ponto, que os especialistas sugerem a construção de um elevador para vencer a escarpa, com paragem na área das antigas jaulas de animais do Palácio de Cristal. O estudo sugere, ainda, que se rasgue uma ligação por escada rolante entre o miradouro nos jardins do palácio e a Rua da Restauração.
No Codeçal, o ascensor já existe: é o elevador da Lada. Apesar de ser ainda desconhecido de muitos e de pouca utilidade para quem visita a cidade (serve sobretudo os moradores e os utentes do Centro Social da Sé), a verdade é que já 45% das viagens são realizadas por estrangeiros. O Município pretende potenciar o uso do elevador, reativado em 2010, introduzindo o tarifário Andante (tanto títulos ocasionais como assinaturas) e alargando o horário. O ascensor passaria a funcionar todos os dias das 8 às 20 horas entre a Ribeira e as Escadas do Barredo.
Aí, a Câmara prevê construir um passadiço até às Escadas do Codeçal e reabrir a vereda para ligar à Rua da Senhora das Verdades e à Avenida de Vímara Peres, junto à entrada para o tabuleiro superior da Ponte de Luís I.
Para mais tarde, ficará a reativação do ascensor da ponte de Arrábida. Os especialistas defendem que Gaia faça o mesmo, dando utilidade ao elevador na margem esquerda. Com os dois ascensores em funcionamento, poderá criar-se um percurso de enorme potencial turístico. O compromisso do Município do Porto é reativar o ascensor que facilitará a ligação entre a marginal fluvial e a zona do Campo Alegre, chegando ao polo universitário através da Rua das Estrelas. No estudo, indica-se que, face ao potencial turístico deste equipamento, será possível concessioná-lo a privados, libertando o orçamento municipal de futuros custos operacionais.