Quantas casas vão ser demolidas no lugar da Praia de Paramos, em Espinho, e onde vão ser realojados os habitantes, foram perguntas sem resposta na sessão de esclarecimento sobre o Programa da Orla Costeira (POC) Caminha-Espinho.
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Com o Centro Multimeios de Espinho repleto de moradores da Praia de Paramos, os técnicos do POC apresentaram o documento e tentaram esclarecer algumas das dúvidas dos presentes.
Um mapa com uma delimitação da zona abrangida pelas possíveis demolições foi apresentado, mas deixou muitas dúvidas e incertezas em relação às habitações que estarão, ou não, em risco de serem demolidas.
Demolições que foram fortemente contestadas pelos moradores que defendem uma maior aposta na proteção da zona costeira, através do reforço dos esporões, em vez do recuo da zona habitacional.
"Vão retirar a população para onde?", questionaram vários intervenientes, sem obterem uma resposta concreta.
O vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Pimenta Machado, garantiu apenas que "quem tem casa legal ou ilegal será realojado" e prometeu que uma solução para o local será encontrada com o envolvimento da população.
O responsável lembrou que a retirada de habitações estava já prevista no primeiro POC nacional, de 1999.
O presidente da Junta de Freguesia, Manuel Dias, afirmou que o mar "está a ir em direção à estação de tratamento de águas residuais (ETAR)", que ali se encontra. "A ETAR é a primeira 'casa' em risco na Praia de Paramos", reforçou o autarca, numa referência ao facto de esta estrutura não ter sido incluída numa possível deslocalização, apesar de estar mais perto do mar do que muitas das habitações. Também o presidente da Câmara Municipal de Espinho, Pinto Moreira, referiu que "não se pode pedir à população a retirada das casas quando o Estado não é capaz de cumprir com o recuo da ETAR".
O autarca anunciou a sua "veemente discordância" com o POC para Espinho: "Não defende a costa nem as nossas gentes. Não acautela os interesses da cidade".
Pinto Moreira afirmou que não abdicará de poder intervir na recuperação e melhoria da frente urbana consolidada do concelho, apesar dos constrangimentos previsto no POC.
"Estamos bastante preocupados com as possíveis demolições. Não é a demolir as casas que se vai resolver o problema", criticou o morador António Cravo. "Reforçar os esporões existentes é para mim a melhor solução para o local. Vivo no lugar há 63 anos e não estou de acordo com as demolições", acrescentou Manuel Almeida.