A inauguração da capela de Santo Amaro dividiu o pároco e a população de Atães, em Vila Verde. A GNR levantou 12 autos aos proprietários dos carros que impediram a procissão que deveria ter inaugurado a igreja matriz de Atães.
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O caos instalou-se ontem, de manhã, na freguesia de Atães, em Vila Verde, durante as festividades em honra de Santo Amaro. Em causa estava a inauguração da nova capela de Santo Amaro que acabou por não se realizar após um diferendo entre o pároco da freguesia e um grupo de devotos do santo. "A capela está vazia, não tem nada lá dentro, nem bancos, nem imagens, nada. O senhor padre queria inaugurar o quê?", disse, ao JN, uma moradora em Atães.
A confusão entre os paroquianos começou na noite de sábado, antes mesmo da tradicional procissão de Santo Amaro. A imagem do santo, acompanhada por dezenas de pessoas, saiu da igreja paroquial, percorreu as escassas centenas de metros que separam o templo da capela mas, antes do novo espaço de culto, "deu a volta e voltou para trás". Ontem, no final da missa da festa, estava prevista nova procissão, mas por indicação do padre Joaquim Antunes, pároco de Atães, acabou por não sair à rua.
A GNR de Vila Verde foi chamada ao local por diversas vezes e, durante a noite de sábado para domingo, os agentes da autoridade, permaneceram junto da capela "por questões de segurança", afirmou fonte da guarda.
Arcebispo na inauguração
O mal-estar que se instalou na freguesia já vem desde há mais de uma semana mas culminou no fim-de-semana da festa. Desde sábado que 12 automóveis foram colocados na estrada que liga a igreja paroquial à capela, impedindo o acesso tanto a pé como de carro e consequente a procissão. A GNR levantou autos contra os proprietários dos 12 automóveis, falou com alguns dos condutores que se mantiveram no interior dos veículos mas ninguém retirou os carros da estrada.
"São pessoas com coragem que querem que as coisas sejam feitas de forma correcta e não com a habilidade de alguns que querem fazer grandezas com o dinheiro do povo", referiu um mulher, devota de Santo Amaro "por causa do santo ser advogado dos ossos".
Ao que tudo indica, o pároco da freguesia, que não esteve disponível para falar com o JN, pretendia inaugurar a capela, depois de obras profundas, durante a romaria tradicional de Atães. Alguns populares não partilham da mesma vontade e querem mobilar a capela e convidar D. Jorge Ortiga, o arcebispo de Braga, para proceder à bênção do espaço religioso.
A "fúria" popular terá acontecido depois de ter sido conhecida na paróquia a intenção de colocar uma placa na capela com a data e o nome de que inaugurou o espaço.
"O senhor padre é boa pessoa e não havia mal nenhum em fazer a procissão mas, em todas as terras, há sempre meia dúzia de teimosos que querem mandar na paróquia", disse uma mulher que pediu para não se identificada.