O presidente da Câmara da Guarda, Carlos Monteiro, retirou os pelouros ao vice-presidente Sérgio Costa e exteriorizou a guerrilha interna desencadeada no elenco camarário, quando Álvaro Amaro foi eleito eurodeputado, em maio do ano passado, e trocou a Autarquia que liderava, pelo Parlamento em Estrasburgo e Bruxelas.
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Candidato assumido às eleições autárquicas do próximo ano, Carlos Monteiro efetivou na terça-feira passada a cisão com o vereador, que também não esconde as ambições de vir a ser presidente e que, por força das atribuições que tinha, mantinha a ligação política mais estreita com os presidentes de Junta do concelho. Aliás, não será irrelevante que Carlos Monteiro tenha convocado uma reunião com os autarcas do PSD para lhes explicar sucintamente e sem detalhes que afastava o colega de vereação porquanto aquele "não tinha cumprido bem as suas funções" e ainda por causa da sua alegada " falta de lealdade institucional". Foi, de resto, a única declaração sobre o tema que o autarca tornou pública.
Provas dadas
Em contrapartida, Sérgio Costa, que, por causa da pandemia do Covid-19, não chegou a convocar uma conferência de Imprensa para evitar contactos mais próximos, divulgou um comunicado para defesa da honra.
No extenso documento que fez chegar às redações, Sérgio Costa fez saber que se orgulha de pertencer ao projeto político que governa a Guarda desde 2013 e que, apesar de ficar sem pelouros, "mantém inabalável convicção" de que fez o melhor.
Sem nunca mencionar que liderou este ou aquele projeto, evidenciou a importância de ver um dia nascer os passadiços do Mondego, a cidade LED e da fibra ótica, o futuro centro de exposições transfronteiriço ou mesmo a requalificação viária e das redes de água e saneamento do concelho.
"Os partidos políticos, os grupos de cidadãos e cada um de nós assume a responsabilidade das suas decisões e o povo com soberania e inteligência julga sempre bem", concluiu o vereador que agora, sem pelouros, regressa à empresa "Águas de Lisboa e Vale do Tejo" onde é quadro superior.
PSD e PS reagem
Mal o presidente Carlos Monteiro anunciou que avocava os pelouros do vice-presidente, a comissão política concelhia do PSD emitiu também um comunicado dizendo que, embora legítima, a decisão do autarca "confere-lhe uma responsabilidade acrescida". Na esperança de que "a reconfiguração do Executivo possa determinar um novo ímpeto na concretização de projetos", o PSD aproveitou para acusar o PS de "profunda hipocrisia" por ter vindo a público assegurar a governabilidade do concelho.