Luís Paulo nega controvérsia mas diz que foi "eleito para as duas freguesias" e será governante até 2025.
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Na Trofa, está a ferro e fogo o processo de divórcio da União de Freguesias de Bougado, que não colhe a aprovação do presidente da Junta, o social-democrata Luís Paulo, a liderar desde 2013 a autarquia.
A polémica, que divide o PSD local, escalou em meados de abril com o cancelamento de uma assembleia extraordinária convocada de forma inesperada, por proposta da coligação PSD/CDS, exclusivamente para votar a desagregação da união, numa altura em que decorria a recolha de assinaturas para o mesmo efeito, do Movimento por Santiago de Bougado, que já reuniu mais de 2000.
Na sequência do mal-estar gerado, o presidente da Assembleia de Freguesia (AF), Vítor Martins, renunciou ao mandato. Ao JN, não quis, contudo, comentar o sucedido, invocando apenas "questões pessoais".
A discussão "está muito extremada", e "o PSD tem uma clivagem de morte, com o presidente da Junta a favor da não desagregação", observa o independente Mário Moreira, membro da AF de Bougado eleito na lista do PS. "[Luís Paulo] disse que fez sempre o melhor pelas duas antigas freguesias, que estava eleito pela união e que não era no tempo dele que a desagregação aconteceria", conta Mário Moreira, que diz haver "muita pressão junto dos elementos do PSD", no sentido de voto nesta matéria, cuja "defesa passa muito pela Assembleia de Freguesia, para depois subir à Assembleia Municipal".
O autarca de Bougado refuta que tenha uma posição sobre a desagregação e nega qualquer dissonância interna sobre o assunto ou eventuais pressões sobre os eleitos. "São conspirações", atira, ao JN, garantindo que as afirmações que lhe atribuem "são interpretações". "Não tenho posição pública nem vou ter. Fui eleito para as duas freguesias e vou ser presidente até 2025", diz.
António Pontes, antigo vice-presidente da Câmara do PSD e porta-voz do Movimento por Santiago de Bougado, confirma, porém, que no seio do partido existem "algumas opiniões diferentes" sobre a desagregação, e defende que "é preciso, dentro do PSD Trofa, limar arestas e chegar a uma posição que seja minimamente consensual entre todos".
"Globalmente, S. Martinho e Santiago são a favor da desagregação", nota Mário Moreira, lembrando que, ainda assim, "o PSD rejeitou a moção, apresentada há três ou quatro anos, para se discutir a desagregação" na AF. Segundo o presidente da Associação Nacional de Freguesias (Anafre), o número de casos de oposição à separação de freguesias "tem sido residual", sendo "um deles na zona da Trofa, onde parece que há vontade de toda a gente, menos do presidente da Junta", exemplifica Jorge Veloso. No geral, existe "concordância entre executivo, assembleia de freguesia e cidadãos", refere o líder da Anafre, que defende que os presidentes de junta "devem respeitar a posição da população e da assembleia de freguesia".