Pressão pública leva Braga Parque a cancelar exposição de plantas pintadas com tinta
A obra “ContraNatura”, do italiano Giacomo Cossio, consiste em plantas pintadas. Centro comercial convidou especialistas para proceder à recuperação das espécies.
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Pouco mais de 24 horas foi o tempo que durou a exposição “ContraNatura”, do artista italiano Giacomo Cossio, no centro comercial BragaParque, na cidade de Braga. A obra foi cancelada, anunciou esta terça-feira à noite o espaço comercial, “após uma cuidadosa reflexão e considerando os apelos da comunidade”.
A coleção de 230 plantas naturais, pintadas com tinta acrílica, foi inaugurada no centro comercial no passado dia 13 de maio. Esta terça-feira foi cancelada e retirada, já não se encontrando no local. A pressão pública surgiu logo a 11 de maio, dia em que o Braga Parque anunciou, através de uma publicação nas redes sociais, que a obra “ContraNatura” estrearia em Portugal, no seu espaço, dois dias depois.
Os comentários foram-se acumulando ao longo do fim de semana e o pico da polémica instaurou-se quando Sofia Manuel, influenciadora mais conhecida como “a tripeirinha”, fez um apelo na sua página de Instagram em que explicava porque não concordava com a obra e em que denuncia esta como sendo “greenwashing”. O vídeo atingiu 16 mil “gostos”, mais uns milhares de visualizações e centenas de partilhas.
Recuperação de plantas
Também na noite desta terça-feira, com o anúncio do cancelamento, o centro comercial informou “que dará início a uma ação de preservação das plantas, com o apoio da Sofia Manuel e da empresa Arvorena, especializada na manutenção de jardins e espaços verdes”. Após a recuperação das espécies, estas serão doadas a instituições da cidade. Esta doação já estava prevista caso a exposição prosseguisse, no entanto, sublinha Sofia Manuel ao JN, “seria muito difícil as plantas sobreviverem ao mês da exposição, provavelmente chegando aos locais de doação já mortas ou em vias de”.
O BragaParque afirma, em comunicado, ter tomado a decisão de cancelar após consultar especialistas na matéria. Uma das entidades que denunciou publicamente esta exposição foi o centro de investigação GreenUPorto, da Universidade do Porto, tendo a mesma enviado um parecer desfavorável ao método utilizado na referida obra de arte.
Sofia Manuel explica ao JN que, além de impossibilitar as plantas de fazer o processo de fotossíntese, que lhes permite viver e prosperar, “mesmo que algumas sobrevivessem no final do mês, ficaram com sequelas para sempre”, o “greenwhasing” é a grande agravante. “A exposição foi apresentada em nome da sustentabilidade quando, na verdade, faz o seu exato contrário, ainda por cima disseminando informação incorreta cientificamente.” Ainda assim, a influenciadora digital parabeniza a decisão de “ouvir a comunidade” e “assumir o erro”.
A exposição “ContraNatura” estava previsto prolongar-se até 13 de junho e o artista tem percorrido diversos países com este mesmo trabalho. Nas redes sociais de Giacomo
Cossio são também agora visíveis diversos comentários de utilizadores portugueses a criticar a sua forma de fazer arte.