Uma onda humana juntou-se, esta quinta-feira à noite, nos principais arruamentos do centro histórico de Braga, para ver a procissão Ecce Homo, que evoca o julgamento de Jesus. Os farricocos, com matracas e fogaréus na mão, foram as figuras mais esperadas pelos visitantes.
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Phillipp Machado, lusodescendente, diz que "nunca tinha visto nada assim". "A minha mãe tem um apartamento em Braga há 40 anos e nunca tínhamos assistido às procissões. Esta é muito bonita. Há muito respeito, silêncio e segurança", elogia, mostrando vontade de voltar a fazer férias na Páscoa para repetir a experiência. "Se eu soubesse que isto existia, já tinha vindo mais vezes de férias nesta altura", sublinha ao JN.
Já Célia Pires, figurante no Quadro das Virtudes, já tinha "saudades" de voltar à procissão. "Há 12 anos que participo e, enquanto puder, não vou falhar", garante, minutos antes de começar o cortejo, que partiu da Igreja de Misericórdia, pelas 21.30 horas.
A bracarense confessa que calcorrear as ruas do centro histórico "já custa um bocadinho", mas o prazer de integrar a procissão "mais carismática" da Semana Santa é maior. "É tudo muito bonito. Os farricocos e os cavalos, essencialmente", descreveu Célia, sorridente.
Os mais novos, também, já cumprem as tradições deixadas pelos pais e foram, em massa, assistir à passagem do "Senhor da cana verde", pela qual também é conhecida a procissão. É o caso de Fábio Braga, com 28 anos, que se recorda dos tempos de infância a ver os farricocos. "Achava-lhes piada e, ao mesmo tempo, tinha medo", lembra o jovem, adiantando que os pais deixaram de ir às procissões e, agora, assume esse papel.
A amiga Cristiana Vieira corrobora. "Os meus pais deixaram de vir às procissões, porque é muita confusão, e, agora, fica para os mais novos", afirma. O facto da pandemia ter obrigado a um interregno de dois anos, também, motivou-a a sair de casa, este ano.
Além dos farricocos, a procissão contou com os quadros alegóricos de 14 obras da Misericórdia de Braga, organizadora da iniciativa, assim como figuras ligadas à fundação e história das Santas Casas.
Ao todo, cerca de mil participantes deram vida ao cortejo.