Investigadora Slavka Carvalho Andrejkovicová, que esteve na NASA, continua experiências em Portugal.
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A investigadora da Universidade de Aveiro (UA) Slavka Carvalho Andrejkovicová, uma eslovaca radicada em Portugal, está a tentar descobrir se já houve vida em Marte, tendo por base vestígios recolhidos naquele planeta pelo rover Curiosity. Os primeiros resultados são promissores.
A cientista, que durante três anos e meio integrou o NASA Goddard Space Flight Center, nos Estados Unidos, e a equipa do rover Curiosity a operar em Marte, regressou à UA em 2019. Mantém-se como cientista externa especial da equipa do rover Curiosity e integra o novo Centro de Astrobiologia da NASA, mas agora as pesquisas são feitas nos laboratórios da academia aveirense. Os resultados e amostras são partilhados com os colegas, até porque os equipamentos mais avançados estão na NASA.
Os cientistas acreditam que Marte e a Terra podem ter sido mundos relativamente semelhantes no início da sua formação e há muito questionam "se Marte alguma vez teve as condições ambientais certas para suportar pequenas formas de vida", explica a cientista. É precisamente para tentar dar resposta a questões como esta que estão a ser procuradas evidências de substâncias orgânicas.
Curiosity busca argilas
Quando a NASA escolheu a cratera Gale como local para aterrar o Curiosity no planeta vermelho, já tinha em vista procurar argilas, conta Slavka. Na "Terra primitiva, os minerais de argila são um dos substratos onde substâncias orgânicas, precursoras da vida, se poderiam ter concentrado". Assim, "a hipótese de que os minerais de argila podem ter preservado aminoácidos em Marte desempenha um papel crítico para a origem e evolução de possíveis formas de vida no planeta vermelho", explica.
"Marte tem todos os ingredientes para já ter tido vida no passado e o rover Curiosity descobriu vestígios importantes"
As "amostras de teste" com as quais trabalha nesta fase são minerais de argila terrestre "análogos aos de Marte", que estão sujeitos às mesmas condições que os recolhidos pelo Curiosity.
Este é um trabalho "moroso e delicado", mas, para já, os resultados têm sido "promissores". "Uma das descobertas mais importantes que obtivemos foi a libertação de CO2 quando estas argilas com aminoácidos, preparadas em laboratório, foram aquecidas a temperaturas muito semelhantes às medidas pelo Curiosity numa das amostras recolhidas em Marte", diz, sem adiantar mais informação devido ao sigilo que reveste a investigação.