O concelho de Ílhavo é conhecido pela sua ligação ao bacalhau da Noruega, mas, em breve, pode ficar no mapa também por causa de um outro peixe: o salmão.
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Através de um concurso aberto pelo Ministério do Mar, a Jerónimo Martins tem em execução um projeto de investigação e desenvolvimento para produção de salmão em offshore (mar aberto).
A primeira jaula já foi instalada, cerca de 15 quilómetros ao largo da costa ilhavense. Caso tenha resultados positivos na fase-piloto, o projeto vai estender-se por outros locais da costa da região de Aveiro, prevendo-se a criação de uma nova indústria na zona.
"Não se pode falar ainda de produção, uma vez que se trata de um projeto de investigação e desenvolvimento. Há desenvolvimentos tecnológicos na área da aquacultura, nomeadamente, no que diz respeito a novas soluções técnicas para jaulas de produção, com condições para operar em condições "offshore" extremas, como é o caso da nossa costa, onde há ondas de grandes dimensões", explicou ao JN fonte oficial da Jerónimo Martins.
Foi nesse campo, no do desenvolvimento de tecnologias, que também entrou no projeto a Nord Portugal, uma empresa "start up" com origem norueguesa, atualmente sediada na incubadora de empresas do Município de Ílhavo.
Jaula portuguesa
A primeira jaula, cuja produção ficou a cargo de uma empresa portuguesa, já foi instalada no mar, assim como os sistemas tecnológicos de apoio. E testa-se, agora, se será adequada às condições da costa. Se o resultado for positivo, a Jerónimo Martins admite que "a principal dificuldade estará ultrapassada".
Crescer e adaptar
Na equação entra, ainda, o Ecomare - Laboratório para Inovação e Sustentabilidade da Recursos Biológicos Marinhos da Universidade de Aveiro, situado na Gafanha da Nazaré, a que caberá investigar o processo de crescimento e adaptação dos salmões.
Apesar de o projeto-piloto estar a decorrer em Ílhavo, a Jerónimo Martins adianta que o mesmo se irá estender para "toda a zona de Aveiro", que "reúne características muito relevantes".
O "vasto conhecimento da população, relativamente ao mar", a "experiência no manuseamento do pescado" e a "existência de um porto de pesca e de uma universidade com equipas de investigação interessadas nestas áreas" foram fatores determinantes para a escolha da região, explicou fonte da empresa. Juntou-se àqueles, ainda, o facto de "a temperatura da água ser adequada".
Se a experiência obtiver resultados positivos, a produção de salmão terá como principal destino as necessidades internas do grupo empresarial de distribuição alimentar e retalho especializado que ocupa a 56.ª posição no ranking dos maiores retalhistas mundiais, no estudo "Global Powers of Retailing 2018".