Começou a anunciada greve de fome de Luís Braga, professor de História e subdiretor do Agrupamento de Escolas da Abelheira, em Viana do Castelo.
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Esta terça-feira de manhã, após as primeiras nove horas do protesto, o docente de 51 anos mostra-se animado: "Dormi bem, muito confortável e agora é esperar. No fundo, isto é um processo de espera, ver o que é que acontece, quais são as reações, como é que as pessoas encaram isto. Esperar que haja uma reação política àquilo que se está a fazer."
Instalado numa autocaravana emprestada por uma professora de Viana do Castelo, à porta da Escola Secundária de Santa Maria Maior, junto ao centro da cidade, Luís Braga afirma que não está sozinho na luta. "Em termos de professores tem corrido muito bem. Têm apoiado e reagido muito positivamente", comenta o docente, que fala sempre no plural.
"Há quem diga, o indivíduo está a fazer aquilo porque quer palco. É verdade. Estamos a fazer isto porque queremos palco. Calhou-me a mim, podia ter calhado a outro qualquer", refere.
Há um objetivo claro de partir a espinha aos professores
Razões para a greve de fome, sem dias contados? A t-shirt que Luís Braga tem vestida esta terça-feira de manhã responde: "Quem não defende a Educação, ataca a liberdade".
"O que acontece hoje é que estamos a ser espezinhados como profissão. Há um objetivo claro de partir a espinha aos professores. A tática que o Governo está a adotar é: vocês berrem para aí, que a gente não vos vai passar cartão", acrescenta o docente, deixando escapar alguma emoção, principalmente quando recorda a mãe, a professora Amélia, já falecida.
"Cresci nesta escola [junto à qual está acampado]. A minha mãe, muitas vezes, deixava-me ficar aí com os funcionários, enquanto estava a trabalhar. Ontem, estava a pensar o que é que ela diria disto. Acho que não ia ficar muito satisfeita, ia ficar muito preocupada, mas acho que ia entender. Era pessoa para me explicar o processo orgânico [do jejum], porque ela era professora de Biologia", comentou.
Sais, complementos vitamínicos e líquidos vão ajudar à falta de alimentos durante a greve. "O próprio organismo vai ter que se habituar à ideia de que não come", indica Luís Braga.
Quanto às desejadas reações políticas, nas primeiras horas da iniciativa, o professor diz que, excetuando a do presidente da República, "que ficou muito surpreendido quando lhe perguntaram se sabia que havia um senhor que está a fazer greve de fome", não houve.