Luís Braga, subdiretor do Agrupamento de Escolas da Abelheira, Viana do Castelo, decidiu radicalizar a luta dos professores e anunciou que vai entrar em greve de fome.
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Quando for meia-noite desta segunda-feira, dia 10 de abril, estará acampado à porta da Escola Secundária de Santa Maria Maior, e começará, por tempo indeterminado, um jejum contra "a imoral indiferença política do Governo", face à luta da classe e pela melhoria, no geral, da escola pública em Portugal. E, no particular e imediato, a favor do veto do diploma do novo regime de gestão e recrutamento dos professores, pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Ficarei o tempo que for necessário, nomeadamente, e esse foco é muito importante, até que o Senhor Presidente da República perceba a mensagem que se está a tentar passar", declarou Luís Braga este domingo, em contagem decrescente para o início de uma greve de fome, que afirma estar "a preparar há semanas".
"Isto não é um impulso emotivo. É uma coisa muito racional e que passa pela consciência, de que da maneira que a gente está, depois de tudo o que já foi feito nos últimos seis meses, às tantas é preciso fazer uma coisa um bocado mais drástica para os políticos perceberem que a discussão da educação não é politiqueira, mas é moral", disse, comentando que pretende com "este método de contestação, clássico da desobediência civil, dizer: Senhor Presidente chegamos a um ponto de bloqueio e quem tem o poder de desbloquear é o senhor".
Luís Braga afirma que "não está sozinho" nesta missão, porque, além de "um grupo de apoio e suporte" que o acompanhará nos próximos dias, também "há outros professores a disponibilizarem-se também para aderir ao protesto".
"Temos a sensação que o Governo está apostado num jogo em que nós nos vamos cansar, vai passar o tempo e há outros assuntos de atualidade à frente da educação, a meu ver mal", diz, referindo: "O que é facto é que nós já fizemos o maior movimento de contestação social que este país viu nos últimos anos". E que agora é, para si, o momento de lutar pela via da desobediência civil.
"O que o Governo fez foi nada e o que propôs foi rigorosamente nada. E é preciso fazer alguma coisa que chame a atenção de alguns responsáveis políticos, nomeadamente, o senhor Presidente da República", sublinhou.
Em frente à escola mais antiga do distrito de Viana do Castelo, onde estudou e a sua mãe foi professora, Luís Braga, consumirá "apenas líquidos e alguns sais de compensação", até que haja um sinal
O professor refere ainda uma outra "razão simbólica" para a escolha do local do protesto, a Secundária de Santa Maria Maior. "Foi onde uma figura da resistência ao antigo regime, fez, nos anos 40, uma intervenção que resultou a que fosse expulso da função de docente. Foi o António José Saraiva que fez um discurso sobre Educação que curiosamente ainda hoje está muito atual e que o nosso Ministro [da Educação] devia ler", conclui.