Funcionários estiveram expostos a "produto químico" de máquina que serve para lavar endoscópios.
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Em dois dias seguidos, cerca de uma dezena de profissionais da unidade de Gastrenterologia do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, deram entrada na Urgência com o diagnóstico de "exposição a produtos tóxicos". Ao que o JN apurou, uma máquina que serve para desinfetar endoscópios, material usado em exames como endoscopias ou colonoscopias, estará na origem do problema.
A situação aconteceu nas passadas quinta e sexta-feira com uma médica, quatro enfermeiros e cinco auxiliares a terem que recorrer à Urgência com fortes dores de cabeça, comichão nos olhos e garganta irritada. Mas esta não foi a primeira vez que isto aconteceu. Já em fevereiro houve um episódio semelhante.
Contactado o hospital, fonte da unidade confirmou a situação, sublinhando que "não se verificou que se tenha tratado de uma intoxicação, uma vez que o produto em causa não é tóxico, mas pode ser irritante" (ler explicação abaixo).
A ida provisória da unidade de Gastrenterologia para o piso 1, por conta das obras de remodelação do hospital, terá feito com que este equipamento fosse instalado "num antigo corredor, agora transformado numa sala de desinfeção, de apoio ao local onde agora são realizados os exames".
"A mudança provisória seria por três meses, cujo prazo acabaria em maio. Mas tendo em conta o desenrolar das obras, está visto que vamos continuar a trabalhar nestas condições muito mais tempo", desabafou, preocupado, um dos técnicos que teve de recorrer à Urgência.
Depois de na quinta-feira ao final da tarde da semana passada sete profissionais terem ido à Urgência, na sexta-feira de manhã foram mais três. "Uma auxiliar mal abriu a máquina teve um ataque de tosse. Já outra quase desmaiou".
"Pequenas intervenções"
As queixas dos profissionais motivaram "pequenas intervenções" que em nada terão resolvido a situação. "Colocaram um ventilador de casa de banho na sala e foi posto silicone à volta do sifão por onde saem os tubos da máquina, mas que inclusive já saiu", contou a mesma fonte.
Como consequência da exposição, alguns dos profissionais ficaram com a cara, nomeadamente à volta dos olhos, boca e bochechas, vermelhas, como se tivessem ficado "queimados".
Esclarecimento do hospital
Fonte do Hospital Pedro Hispano confirmou que "na passada semana, entre quinta e sexta-feira, nove profissionais do Serviço de Gastrenterologia foram observados no Serviço de Urgência, por queixas relacionadas com uma possível reação alérgica (irritação na garganta, ardência nos olhos) ", não se tendo confirmado "que se tenha tratado de uma intoxicação, uma vez que o produto em causa não é tóxico, além de que todos os profissionais tiveram alta no mesmo dia".
Segundo a mesma fonte, "esta situação está relacionada com a utilização de um produto químico necessário para a lavagem e desinfeção dos endoscópios (a máquina é um equipamento recente e atualizado". E mais disse: "Não se trata de um produto tóxico, mas que pode ser irritante. Daí a intervenção do Serviço de Gestão de Risco que realizou uma visita às atuais instalações do Serviço de Gastroenterologia (que neste momento se encontra a funcionar noutro espaço do hospital, tendo em conta as obras de melhoria que estão a decorrer), acompanhado por profissionais do Serviço de Instalações e Equipamentos, tendo sido desencadeadas ações corretivas para melhoria das condições de funcionamento".
De acordo com a unidade hospitalar "algumas dessas ações já foram implementadas, de modo a corrigir a emissão desse produto, e outras estão em curso, como a medição da qualidade do ar, de forma a garantir que o serviço continue a funcionar nas devidas condições e com segurança para toda a equipa".