Um protesto contra as demolições no Bairro de Santa Filomena, na Amadora, terminou, na manhã desta quinta-feira, com a detenção de dois indivíduos, um dos quais deputado municipal do Bloco de Esquerda. Os manifestantes acusam a polícia de agressões.
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Os confrontos aconteceram durante a manhã quando um grupo de ativistas, que protestava contra a continuação das demolições naquele bairro de barracas, situado no centro da cidade, tentou impedir o avanço dos camiões que iriam recolher os destroços das habitações deitadas abaixo nos últimos dois dias.
Lídia Fernandes, de um dos movimentos cívicos que participou no protesto, disse ao JN que os agentes usaram da força com "empurrões e agressões" para impedir o protesto. Já fonte policial garantiu que a PSP foi chamada ao local para desobstruir a via, de forma a permitir a passagem dos camiões que iriam limpar o entulho. "Os agentes tentaram dissuadir o grupo, mas dois deles resistiram ativamente e foram detidos", referiu.
Os dois elementos detidos são João Camargo, deputado municipal do Bloco de esquerda, e um jovem ativista de 19 anos.
Os ativistas acusam a autarquia de estar a ignorar as recomendações do provedor de justiça, sobre a suspensão das demolições e de estar a deitar abaixo casas de famílias sem alternativa de realojamento."As pessoas estão a ser postas na rua e não têm mesmo alternativa", garantiu Lídia Fernandes.
Por sua vez, a autarquia garante que todas as situações foram devidamente acompanhadas e que "toda e qualquer demolição é precedida de meses de trabalho com as famílias".
Relativamente às demolições ocorridas esta semana, a Câmara justifica tratarem-se de agregados familiares com situações especiais, desde "famílias que possuem alternativa habitacional fora do bairro", ou "que já beneficiaram no passado de apoios financeiros da Câmara e da Segurança Social para compra e/ou arrendamento de habitação e que decidiram regressar ao bairro, e até mesmo famílias que se recusaram a discutir com a autarquia e todas as entidades envolvidas (Segurança Social, Embaixada de Cabo Verde e Alto Comissariado para as Migrações) qualquer apoio no encontro de uma alternativa habitacional digna".