Os técnicos da escolas de Gaia entregaram, esta terça-feira, um abaixo-assinado na Casa da Presidência a exigirem o fim das escalas no projeto da Escola a Tempo Inteiro (ETI). Contendo 500 assinaturas, o documento foi recebido pela vereadora Célia Correia. A Autarquia não comenta porque diz existir uma ação judicial.
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O protesto concentrou dezenas de trabalhadores junto à Câmara. "Os técnicos das escolas não concordam com o facto de terem de ir trabalhar para o projeto GAIAaprende+ (faz parte do ETI), nas pausas letivas, quando deveriam ficar a fazer a limpeza e manutenção dos estabelecimentos escolares, que acabam por ficar em segundo plano", explica Lurdes Ribeiro, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN).
Foram reunidas cerca de 500 assinaturas, portanto "de quase todas as pessoas que já foram escaladas para o projeto", e o documento foi recebido pela vereadora do pelouro dos assuntos jurídicos, Célia Correia.
De acordo com a sindicalista e trabalhadora de uma escola de Gaia, Lurdes Ribeiro, "a Câmara fez um protocolo com as IPSS do concelho, que são as que asseguram o GAIAaprende+, ou seja, a ocupação das crianças dos jardins de infância e das escolas primárias nas pausas letivas, por isso não é completamente da responsabilidade do município".
"Entendemos que há um aproveitamento da transferência de competências e o senhor presidente [Eduardo Vítor Rodrigues] não tem estado recetivo para nos ouvir. Pelo contrário, diz que é obrigação dos trabalhadores", defende.
Florbela Luz, técnica do Agrupamento de Escolas Escultor António Fernandes de Sá, em Gervide, conclui que "a mudança de nome de auxiliares de educação para assistentes operacionais abriu mão para alargarem o tipo de funções que nos dão para fazer".
Susana Rodrigues, do mesmo agrupamento, defende: "O município aproveita-se de nós. Cada IPSS é que deveria ter a obrigação de ter os seus próprios funcionários para levar a cabo este projeto e não ser alagrado ao nosso caso, que somos funcionários da Câmara. Agora, as pessoas das instituições fazem menos horas".
Segundo a funcionária, estes profissionais estão limitados para tirar férias só em dois meses. "Temos 22 dias úteis para isso, como todos os outros, mas a Câmara limitou-os, ao escalar-nos nas instituições e definir quatro semanas obrigatórias em que temos de estar no projeto".
"Agiram de má-fé, porque nos escalaram para o projeto antes de marcarmos férias", refere Florbela Luz, indignada.
"Falsas alegações", diz a Autarquia
Neste protesto, os trabalhadores das escolas também pediram melhores condições de trabalho, incluindo para o recreio das crianças.
Questionada pelo JN, a Autarquia esclarece que "tem em curso uma ação judicial contra as falsas alegações desta minoria de trabalhadores, pelo que não comenta enquanto decorrem estas diligências".