
Parque Ecomonumental das Sete Fontes
DR/Câmara de Braga
O PS/Braga vai votar, na Assembleia Municipal, contra a proposta da Câmara de criar uma Unidade de Execução Urbanística no futuro Parque Ecomonumental das Sete Fontes, por esta permitir a construção de um prédio de 12 andares.
"O famigerado prédio de 12 andares, situado num dos lotes apelativos, apresenta um impacto volumétrico apreciável mas os desenhos e animações multimédia institucionais ficaram-se apenas por aquilo que interessa ao marketing da Coligação Juntos por Braga: muito verde e nenhum prédio", critica o vereador Hugo Pires, em declarações ao JN.
Contactado a propósito, o vereador com o pelouro do Urbanismo, João Rodrigues, contra-atacou: "assistimos com perplexidade às declarações de Hugo Pires: entre a hipotética má-fé, ou uma provável ignorância, Hugo Pires manifesta-se sobre um assunto que o devia fazer corar antes de falar".
E acusa: "Se houve alguém que não protegeu (nem quis proteger!) as Sete Fontes, esse alguém foram os eleitos do PS do passado, onde Hugo Pires se inclui, sendo certo que não ocupou um lugar qualquer nesse rol: foi vereador do Urbanismo de Mesquita Machado e isso reveste-o numa dupla obrigação: em primeiro lugar, a de fazer um ato de contrição cada vez que fala sobre as Sete Fontes; em segundo, caso o problema seja apenas uma questão de ignorância, a de estudar convenientemente os dossiers antes de se pronunciar".
A polémica tem origem na votação, ocorrida na última reunião de Câmara, da proposta de criação de uma nova Unidade de Execução (UE) urbanística nos terrenos das Sete Fontes, com 46.549 m2, do futuro equipamento de cariz histórico, ambiental e florestal e de lazer. Onde o PS votou contra, tendo a maioria PSD/CDS e a CDU votado a favor
As Sete Fontes terão 30 hectares de parque verde público, outros tantos de área florestal privada e 30 outros de área urbana com criação de praças, pequenas edificações de apoio, miradouros, percursos pedestres e cicláveis.
O elemento central é o ancestral sistema de abastecimento de águas à cidade, uma obra hidráulica do século XVIII classificada como Monumento Nacional desde 2011.
A UE permite a construção de um prédio de 10 andares, com mais dois subterrâneos, de garagem, o que Hugo Pires considera "inaceitável", mas que João Rodrigues explica pela necessidade de "ocultar e mitigar o impacto visual do muro de suporte da Avenida Clermont Ferrand, que faz a ligação ao Hospital de Braga".
Ricardo Rio "incoerente"
Ao JN, o autarca socialista acusa o presidente da Câmara, Ricardo Rio, de incoerência, por ter exigido, quando estava na oposição, que o Plano de Pormenor para a zona fosse também de salvaguarda, e agora o trocar por um Plano de Urbanização com prédios de 12 andares: "Porém, como em quase tudo, Ricardo Rio e a Coligação perderam-se para a inércia e para a incoerência pois, nove anos depois, está tudo na mesma: no papel!"
E, prosseguindo, afirma: "No entretanto, vem agora a Coligação dedicar-se a estabelecer parcerias seletivas com empresários privados, dando prioridade a quem aceita a construção prevista no tal novo plano (que já não é de pormenor) e que, curiosamente, lhes atribui o direito aos lotes potencialmente mais rentáveis.
Pires alude, assim, ainda que indiretamente, e conforme o JN vem noticiando, a uma das dificuldades que se colocam à implementação do equipamento, ou seja, os dois processos judiciais contra a Câmara, interpostos por dois proprietários, a imobiliária VilaMinho, de Ermelando Sequeira, e a família Sampaio, nos quais exigem ser expropriados pelas leis de mercado, rejeitando as propostas de compra.
Posição do PS é "cómica"
Ainda respondendo aos reparos do PS, João Rodrigues assegura que "o Plano de Urbanização das Sete Fontes não prevê "prédios de 14 pisos", ao contrário do que Hugo Pires disse na Câmara".
E explica: o Plano prevê 24 Unidades de Execução, correspondentes a 92 hectares (ha) de solo. Desses, apenas 15,68 ha serão destinados a espaços habitacionais (correspondentes a 15% do solo) e é na Unidade de Execução n.º 7 que aparece o único prédio desta envergadura (com 10 andares, mais 2 de estacionamento).
João Rodrigues sustenta que "não foi por acaso que Hugo Pires escolheu a reunião para versar sobre as Sete Fontes: é que este será o único edifício de grande envergadura a executar no Plano, que se justifica por duas razões: porque é preciso ocultar e mitigar o impacto visual do muro de suporte da Avenida Clermont Ferrand, que faz a ligação ao Hospital e que tem quase 40 metros de altura, procurando um remate mais qualificado do Parque; e porque queremos ligar o Parque ao Bairro da Alegria, através de percurso de ligação de livre utilização, assegurado por elevador e viaduto pedonal de utilização pública".
E, diz, ainda, a concluir: "os restantes edifícios que irão nascer nas imediações do Parque têm entre 2 e 4 pisos. É quase cómico ver o último vereador do Urbanismo de Mesquita Machado a dizer o que quer que seja relativamente às Sete Fontes e à sua salvaguarda".
