O PSD de Mira vai denunciar ao Ministério Público um caso de "extracção ilegal de areias", na zona do Montalvo, junto à auto-estrada A17, em terrenos da Câmara Municipal. A Quercus apoia e diz que vai pedir explicações.
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"O que foi autorizado pela Câmara, com os votos favoráveis dos autarcas social-democratas, foi a remoção de areias de pinhal durante as obras da A17. E não é isso que está a acontecer. Primeiro, a auto-estrada que atravessa o concelho de Mira já foi entregue/inaugurada há um ano; segundo, dizer-se que o que estão a retirar são areias de floresta é uma ilusão", afirmou, ao JN, o líder do PSD na Assembleia Municipal de Mira, Luís Filipe Barreto.
O também presidente da Comissão Política Concelhia do PSD revela que "até as areias estão a ser lavadas e comercializadas no Montalvo, coisa que era impensável". Por outro lado, acusa as autoridades fiscalizadoras de "negligência", o que "é muito grave".
Fonte da Equipa de Protecção da Natureza e Ambiente, da GNR, disse ao JN que foram feitas duas fiscalizações à empresa que procede à remoção de inertes no Montalvo. Na sequência da primeira visita (Janeiro de 2008), foi levantado um auto, enviado à Câmara de Mira (com conhecimento à CCDRC-Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro), para emissão do processo de contra-ordenação, não tendo daí resultado qualquer coima para o alegado infractor. A segunda inspecção foi feita esta semana e resultou na elaboração de um relatório que a GNR vai enviar à CCDRC, Direcção Regional de Economia (DRE) e Câmara Municipal de Mira.
O JN tentou obter comentários da CCDRC e DRE, mas sem êxito.
O sócio-gerente da empresa de extracção de inertes (Irmãos Lopes & Cardoso, Lda.), Pedro Jorge, recusou falar sobre o assunto.
O presidente da Câmara de Mira, João Reigota, diz que a "extracção de areias no Montalvo esteve sempre legal até ao passado dia 14 ("data em que cessou a extracção", assegura), uma vez que resultou de um concurso público, aprovado pelo PSD, que permitia extrair entre 14 de Maio de 2007 e 14 de Maio de 2009. Portanto, o que o PSD quer é criar um 'caso'. Isto é baixeza política".
Quem não está pelos ajustes é a Quercus-Associação Nacional de Conservação da Natureza, que, pela voz de Maria de Lurdes Cravo, condena a extracção de inertes no Montalvo e exige a condenação dos responsáveis pelo "atentado ambiental", que "põe em risco a qualidade das águas e dos solos agrícolas, provoca ruídos, sujidade e danifica as estradas das aldeias" (Ramalheiro, Cavadas e Lentisqueira).
Na verdade, numa visita que o JN fez ao local, vários populares criticaram o barulho dos camiões carregados de areia, o pó nas casas e na roupa, os danos nas estradas e o perigo para os peões com a passagem dos veículos pesados.