O PSD votou contra as contas de 2023 da Junta de Freguesia do Centro Histórico do Porto e está a ser acusado pelo autarca Nuno Cruz de ter rompido o acordo de governação com os independentes. As contas só foram aprovadas graças ao voto de qualidade do presidente da Mesa. Os sociais-democratas negam que exista acordo.
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O sentido de voto do PSD deixou o presidente da Junta do Centro Histórico, do Porto, Nuno Cruz, "muito surpreendido". "Fiquei surpreendido, porque o PS e a CDU abstiveram-se e o PSD, que tem um acordo com o movimento, votou contra junto com o BE", explicou, ao JN, Nuno Cruz.
As contas de 2023 da freguesia foram votadas em reunião na segunda-feira à noite. Segundo o presidente da Junta do Centro Histórico, os sociais-democratas sustentaram o seu voto contra no facto de "faltarem informações sobre as coletividades". Em causa, por exemplo, dados alegadamente insuficientes sobre uma gala de desporto.
"Mais uma vez, o PSD e o BE, perante um ano cheio de atividades e uma poupança de 180 mil euros, votaram contra", afirma Nuno Cruz, lamentando não ter sido previamente informado sobre o sentido de voto dos sociais-democratas, com quem o movimento independente de Rui Moreira tem um acordo de governação da cidade. O autarca lembra que, à conta disso, o PSD tem um elemento no Executivo da Junta do Centro Histórico, Matilde Marques, que já pediu para sair mas ainda não foi substituída.
Os sociais-democratas negam tudo, porém. "O acordo de governação na Câmara não tem nada a ver com o do Centro Histórico. No Centro Histórico era renovado anualmente e o PSD, a 11 de novembro de 2023, rompeu esse acordo unilateralmente face ao incumprimento generalizado das suas premissas. E anunciou que não iria indicar ninguém para o lugar ocupado por Matilde Marques no Executivo. Isso compete ao movimento", explicou, ao JN, o líder da bancada dos sociais-democratas.
Ricardo Batista esclareceu ainda que o PSD votou contra porque o relatório de atividades "não condiz com as contas". "Há coisas que estão nas contas que não aparecem no relatório de atividades", vinca o deputado social-democrata, esclarecendo que a gala do desporto foi dada como exemplo, uma vez que o partido nem terá conseguido apurar, pelos documentos em análise, quanto custou.
Para Nuno Cruz, só existe uma explicação, contudo. "É uma tentativa de se preparem e começarem a fazer caminho para as autárquicas do próximo ano. Querem tentar que o movimento independente não consiga fazer nada", acusa. Ricardo Batista garante que o PSD apenas está a defender "os interesses dos cidadãos".
Segundo o presidente da Junta do Centro Histórico, as contas de 2023 só foram aprovadas graças ao voto de qualidade do presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia. O cargo é ocupado pelo social-democrata Ernesto Galego. Mas não participou na reunião, tendo sido substituído pelo 1º secretário, Mário Praça, que pertence ao movimento independente.