Parecia uma romaria. Centenas de pessoas apinharam-se, ontem à tarde, terça-feirsa nas ruas ribeirinhas da Régua para ver a cheia.
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Devidos às copiosas chuvas dos últimos dias, as águas do rio Douro subiram seis metros acima do caudal normal, um deles sobre a plataforma do cais fluvial. Os proprietários de um bar e de uma loja de artesanato tiveram de recolher o "recheio".
Luís Medeiros, empresário que gere o Bar do Cais, passou o dia a retirar os seus valores e, em jeito de crítica, lançou: "Fomos avisados segunda-feira que isto poderia acontecer mas não com estas proporções. Às 9.15 de hoje [ontem] avisaram-me que a água estava a chegar ao bar. Quando vim já entrei de barco". Sem conseguir precisar os prejuízos que vai ter, alertou que os seus 10 funcionários "já estão a perder e assim vai continuar até que o bar volte a laborar".
Manuel Mota, presidente da Associação dos Amigos Abeira Douro, que tem no cais a loja do artesanato, adiantou que os estragos não serão muitos, uma vez que a estrutura está preparada para este tipo de situações. "O prejuízo é só ter a loja fechada", disse. A loja já tinha sido evacuada na semana passada, aquando do primeiro alerta de cheia.
O responsável da Protecção Civil Municipal, Manuel Saraiva, mostrava-se "convencido que o pior já passou". Mesmo assim vão continuar atentos às próximas horas. O plano de emergência não chegou a ser accionado, pelo que os moradores da zona ribeirinha não tiveram ainda necessidade de retirar bens das suas casas. As últimas grandes cheias na Régua ocorreram em Dezembro de 2005.
Em Mogadouro, ao abrir a porta da garagem, Palmira Veiga nem queria acreditar nos estragos provocados pela chuva intensa que caiu a o longo da madrugada de ontem. Arcas congeladoras danificadas, móveis partidos, roupas de cama e outros agasalhos estragados, máquinas agrícolas cobertas de água, era este o cenário com que a comerciante se deparou, depois de uma noite de enxurrada na região, que alagou várias casas e encerrou algumas estradas. Junto à sua a habitação a água chegou ao 1,5 metros de altura, já que se encontra numa zona baixa da Avenida do Sabor.
Apesar dos prejuízos causados em algumas habitações, os meios de socorro centraram-se junto à clínica de hemodiálise, onde a água invadiu a unidade de saúde e ameaçou os reservatórios de água destinada a diálise renal.
A chuva provocou, ainda, um desabamento de pedras na Estrada Nacional 218, que faz a ligação entre Carção e Vimioso. O trânsito chegou a estar condicionado.